"Se o regime fosse parlamentarista, o governo já tinha caído, porque perdeu a confiança", diz Alckmin sobre Dilma


Gustavo Uribe - Folha.com 


O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), avaliou nesta terça-feira (3) que o governo federal enfrenta uma crise tanto política como ética, mas considerou não haver razões neste momento para pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

O tucano defendeu que é necessário aguardar o término das investigações feitas pela Operação Lava Jato´, que investiga um esquema de corrupção na Petrobras. Para ele, até agora não houve provas de crime de responsabilidade da petista no escândalo.

O governador ponderou, contudo, que se o regime político do país fosse parlamentarista, e não presidencialista, o atual governo tinha caído, "porque perdeu a confiança".

"Em relação ao impeachment, não vejo neste momento razão para isso. Nós acabamos de sair de um processo eleitoral", disse. "Se o regime fosse parlamentarista, o governo já tinha caído, porque perdeu a confiança. No presidencialismo, um impeachment é extremamente traumático", acrescentou.

Em entrevista à rádio Jovem Pan, o tucano observou que é difícil prever os desdobramentos do escândalo na Petrobras, mas considerou que o seu partido, o PSDB, não teme a lista de políticos com foro privilegiado que devem ser alvo de inquérito, que será entregue ao STF (Supremo Tribunal Federal) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

"Nós temos uma crise grave econômica, extremamente difícil. Somada a ela, uma crise política, difícil de prever o desdobramento. E uma crise também de natureza ética, porque é inimaginável uma pessoa de quarto escalão, no primeiro aperto, dizer que devolve US$ 100 milhões. É uma situação difícil", afirmou, em referência ao ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, que concordou em devolver a quantia desviada.

O governador lembrou que, quando foi deputado federal, votou pelo impeachment do ex-presidente Fernando Collor (1990-1992), mas observou que, diferente de Dilma Rousseff, o atual senador pelo PTB tinha, à época, pouco apoio no Congresso Nacional.

"O Brasil tem um momento excepcional agora, que é acabar com a cultura da impunidade para o colarinho branco", defendeu.

O tucano avaliou que as manifestações de rua são "extremamente saudáveis", mas defendeu que o PSDB não participe de protestos que pedem o impeachment da presidente. Um ato contra o governo federal está marcado para o dia 15 de março, em várias capitais do país.

"O PSDB não vai participar de manifestação, porque ela é da sociedade, é espontânea", disse.

LULA

O tucano avaliou como "extremamente infeliz" declaração feita na semana passada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em ato em defesa da Petrobras, o petista citou um "exército" comandado por João Pedro Stédile, do MST (Movimento dos Sem-Terra), para defender a atual presidente.

"Tudo que o Brasil não precisa é brasileiro contra brasileiro. É pregar a discórdia. [Lula] Foi extremamente infeliz", disse o tucano.

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