Flávio Ferreira e Paulo Muzzolon - Folha.com
O doleiro Alberto Youssef afirmou em depoimentos à força-tarefa da Operação Lava Jato que repassou R$ 800 mil em propinas ao PT por meio do tesoureiro do partido, João Vaccari Neto.
O suborno, de acordo com o depoimento, teria resultado de um contrato que a empresa Toshiba fechou com a Petrobras em 2009 para executar obras no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), no valor de R$ 117 milhões.
O depoimento sobre a propina da Toshiba ao PT está em um dos 28 testemunhos de Youssef anexados nesta quinta-feira (12) a um dos processos da Lava Jato que tramita na Justiça Federal do Paraná.
Youssef declarou que foi negociado também o pagamento de propina para o PP, e que o repasse ao Partido dos Trabalhadores foi negociado diretamente com Vaccari Neto.
"O presidente da Toshiba no Brasil, que ficava em São Paulo, o também o diretor comercial, de nome Piva, trataram diretamente com o declarante [Youssef] de que iriam dar 1% do valor da obra para o PP e 1% para o PT. (...) O valor do PT foi negociado com João Vaccari [Neto], que na época era quem representava o PT nos recebimentos oriundos dos contratos com a Petrobras", diz o relatório.
Segundo o doleiro, foram feitos dois pagamentos do montante destinado ao PT. O primeiro, no valor de R$ 400 mil, foi entregue, ainda de acordo com o doleiro, a Marice Correa de Lima. Ela é cunhada do tesoureiro do PT. A outra parcela, no mesmo valor, teria sido entregue a Rafael Ângulo Lopes, em um restaurante de São Paulo.
Ainda de acordo com o depoimento, a Toshiba repassou para a MO Consultoria –empresa de Youssef– o dinheiro destinado aos dois partidos.
O doleiro afirmou ainda que, do total repassado ao PP, 60% ia para o partido, 30% para Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras e 5% para João Cláudio Genu, ex-assessor da sigla. Youssef ficava com os outros 5%, disse.
O total da propina era já o valor líquido, "deduzidos os 20% de custos de operacionalização, como emissão de notas e impostos".
Youssef também disse que Paulo Roberto Costa sabia que os valores eram oriundos da Toshiba.
"[O doleiro] se recorda que houve inclusive uma reunião, salvo engano no hotel Hyat, com o presidente da Toshiba, e também Piva, Genu, Paulo Roberto e o declarante, justamente para discutir o repasse dos valores", diz o depoimento.
No depoimento, Youssef afirmou que a Toshiba fazia parte do cartel de empresas que atuava na Petrobras, mas atuava mais como subcontratada de outras empresas, principalmente na realização da parte elétrica das obras.
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