Dilma usa tática de quem bate a carteira e grita 'pega ladrão', diz FHC


Daniela Lima - Folha.com

Raquel Cunha - Folhapress 
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso participa de evento em São Paulo


O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) publicou nesta sexta-feira (20) uma nota rebatendo declarações da presidente Dilma Rousseff (PT) de que a corrupção na Petrobras deveria ter sido investigada durante a gestão do tucano.

No ataque mais duro à petista, FHC diz que ela lançou mão de uma tática "infamante", "da velha anedota do punguista que mete a mão no bolso da vítima, rouba e sai gritando 'pega ladrão'".

Veja a íntegra da nota de FHC:

Nesta sexta, Dilma disse que "se em 1996 ou 1997 tivessem investigado e tivessem, naquele momento punido, nós não teríamos o caso desse funcionário da Petrobras que ficou durante quase 20 anos [atuando em esquema] de corrupção". "A impunidade, e isso eu disse durante toda a minha campanha, a impunidade leva água para o moinho da corrupção", concluiu.

FHC disse que, com a fala de Dilma, se sentiu "forçado a reagir". " O delator a quem a presidente se referiu foi explícito em suas declarações à Justiça. Disse que a propina recebida antes de 2004 foi obtida em acordo direto entre ele e seu corruptor", afirmou, numa referência às delcrações de Pedro Barusco, ex-gerente de engenharia da estatal,que hoje é delator na operação Lava Jato.

"Somente a partir do governo Lula a corrupção, diz ele, se tornou sistemática. Como alguém sério pode responsabilizar meu governo pela conduta imprópria individual de um funcionário se nenhuma denúncia foi feita na época?", provoca FHC.

O tucano diz ainda que Dilma deveria "fazer um exame de consciência" em vez de "tentar encobrir suas responsabilidades, jogando-as sobre mim". "Poderia começar reconhecendo que foi no mínimo descuidada ao aprovar a compra da refinaria de Pasadena e aguardar com maior serenidade que se apurem as acusações que pesam sobre o seu governo e de seu antecessor."

O ex-presidente diz ainda que o "petrolão" não se configura com base em um caso isolado de um funcionário negociando propinas, mas de um "processo sistemático que envolve os governos" Dilma e Lula. "Foram eles ou seus representantes na Petrobras que nomearam os diretores da empresa ora acusados de, em conluio com empreiteiras e, no caso do PT, com o tesoureiro do partido, de desviar recursos em benefício próprio ou para cofres partidários."

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