Arquivamento de inquéritos contra Garcia e Aníbal é 'justiça', diz Alckmin


Gustavo Uribe - Folha.com

Zanone Fraissat/Folhapress 
O governador Geraldo Alckmin (PSDB), durante cerimônia no vale do Anhangabaú, em São Paulo


O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), avaliou nesta quarta-feira (11) que o STF (Supremo Tribunal Federal) "fez justiça" ao ter arquivado inquéritos que investigavam a participação do deputado federal Rodrigo Garcia (DEM-SP) e ex-deputado federal José Aníbal (PSDB-SP) em suposto esquema de pagamento de propinas em obras do metrô em São Paulo.

Para o tucano, não havia "nenhum fato concreto" na denúncia feita contra seus aliados e ex-auxiliares no governo de São Paulo. Os dois passaram a ser investigados após depoimento do ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer.

O executivo disse à Polícia Federal, em 2013, que tratou pessoalmente de propina com Rodrigo Garcia e com um interlocutor de José Aníbal.

O caso começou a ser discutido no ano passado. Em setembro, quando votou, o ministro relator, Marco Aurélio Mello, disse que após testemunhas serem ouvidas não ficou comprovado o envolvimento dos políticos, que foram secretários de governo de São Paulo, no episódio.

"Eu acho que se fez justiça. Havia uma denúncia nunca comprovada e sem nenhum fato concreto. É isso que todo mundo quer, que tenha transparência e que tenha investigação", disse o governador.

O tucano afirmou que até o momento não convidou nenhum dos dois ex-auxiliares para voltarem ao governo estadual, mas considerou que são "bons nomes".

A tendência é de que Garcia assuma a Habitação e de que Aníbal fique no comando da Cultura.

"Os dois são bons nomes e vamos avaliar a questão depois do carnaval", disse.

O governador entregou nesta quarta-feira (11) 216 viaturas para a Polícia Civil, evento na região central da capital paulista.

Editoria de arte/Folhapress 

INVESTIGAÇÃO

Em julho de 2013, a Folha revelou que a multinacional Siemens delatou a autoridades antitruste a existência de um cartel em licitações para obras e serviços de manutenção do Metrô de São Paulo e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

Documentos da Siemens entregues ao Cade mostravam que o governo estadual, controlado pelo PSDB, teria dado aval ao conluio. A empresa fez acordo que lhe garantirá imunidade se as denúncias forem comprovadas. Além da Siemens, o cartel envolveria Alstom, Bombardier, CAF e Mitsui. O esquema teria começado em 1998, no governo Mário Covas, e ido até 2008.

Apesar do depoimento do ex-diretor Everton Rheinheimer, a Siemens sempre negou o pagamento de propina a políticos.

Agora, todos os inquéritos de pessoas com foro privilegiado estão arquivados. As empresas envolvidas no cartel e os operadores do esquema continuam a ser investigados pelo Ministério Público de São Paulo, pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e pela Polícia Federal.

Também tramita na Justiça de São Paulo uma ação de indenização do governo do Estado contra 15 empresas que teriam participado do esquema.

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