Justiça decreta prisão preventiva de Nestor Cerveró


Gabriela Terenzi - Folha.com


O juiz federal Sergio Moro decretou nesta quinta (22) a prisão preventiva de Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras.

Cerveró foi preso temporariamente no último dia 14, com prazo até sábado (24). A decisão, tomada pelo juiz plantonista Marcos Josegrei da Silva, foi reanalisada por Moro em novo despacho.

Para o juiz, haveria risco de Cerveró seguir na "atividade delitiva, tornando cada vez mais remotas as possibilidades de identificação e sequestro do produto dos crimes".

A denúncia contra ele aponta crimes cometidos em três contextos, sendo dois durante seu período na diretoria da estatal (2003-2008).

O Ministério Público Federal acusa Cerveró de receber cerca de US$ 40 milhões em propina para favorecer a contratação da empresa Samsung Heavy Industries para fornecimento de navios-sonda.

A vantagem teria sido intermediada por Fernando Soares, apelidado Fernando Baiano. Em sua delação, o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, também réu na Lava Jato, disse que foi Cerveró quem o apresentou a Baiano, "que tinha forte atuação como lobista na diretoria Internacional, representando interesses do PMDB".

Costa afirmou ainda que parte da propina cobrada por diretores iria a agentes da Petrobras e a partidos. Questionado se Cerveró também recebia dinheiro, Costa foi direto: "claro que sim".

A segunda justificativa de Moro para decretar a prisão é a investigação, pela Justiça Federal de Rio de Janeiro, da compra superfaturada da refinaria de Pasadena, no EUA.

O TCU (Tribunal de Contas da União) estimou que a compra resultou num prejuízo de US$ 792 milhões. Cerveró é apontado como o principal responsável pelo negócio.

Também chamou a atenção de Moro que, "mesmo após a notoriedade adquirida pelas investigações criminais em torno de sua gestão", o ex-diretor tenha cometido outras práticas suspeitas.

Ele citou a transferência de imóveis a filhos, um resgate não esclarecido de um plano de previdência, a ocultação da propriedade de uma empresa no Uruguai e, ainda, a simulação de um contrato de aluguel com essa firma.

Para Moro, as operações caracterizam, em tese, novos crimes de lavagem de dinheiro. Ele lembra que Cerveró tem dupla nacionalidade –brasileira e espanhola–, e poderia estar preparando uma fuga.

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