Alckmin aproveita discurso para fazer críticas indiretas ao governo Dilma


Daniela Lima e Gustavo Uribe - Folha.com

O governador reeleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), fez de seu discurso de posse nesta quinta-feira (1º) uma espécie de prévia do tom que deverá adotar nos próximos quatro anos em relação ao PT.

Com críticas indiretas ao governo federal, o tucano fez durante toda a sua fala referências ao cenário nacional, disse ter o dever de fugir de "falsos dilemas" e avaliou que o povo em São Paulo tem rejeitado nas últimas eleições "a ilusão do populismo fácil".


"Não nos enganemos: vivemos em um país injusto, fruto de fatores históricos e vícios renitentes", disse. "Não há combate à pobreza e às desigualdades sem uma forte ação do Estado. Uma ação que alavanque o potencial dos indivíduos e faça com que exerçam suas cidadanias plenas sem a pretensão de doutriná-los ou tutelá-los. Não é preciso fraudar a boa fé do povo brasileiro para fazer justiça social", acrescentou.

Segundo o tucano, as políticas de distribuição de renda devem servir para libertar os homens, "não para fazer deles objetos de uma nova servidão". Para ele, é necessário fugir do "falso dilema" do "Estado mínimo em oposição ao intervencionista".

"E do falso dilema do paternalismo que sufoca em oposição ao liberalismo extremo, insensível: dois enganos distantes da dura vida real", ressaltou.

Em meio ao escândalo da Petrobras, o governador defendeu que o Brasil precisa "livrar-se da máquina corrupta", que, segundo ele, "insiste em sequestrá-lo". Segundo ele, é necessário elevar o padrão da política.

"A nossa missão está nas urnas. Os brasileiros de São Paulo repudiam o aparelhamento da máquina pública e consideram repugnante a prática política que transforma o Estado num clube", criticou.

Em outra crítica indireta ao governo federal, o governador censurou o "populismo orçamentário" e disse que o "otimismo irresponsável" na área econômica custou caro ao país.

"Ou todos, incluindo governo e oposição, convergem para recuperar a economia e aprovar reformas essenciais, ou 2015 será outro ano perdido", afirmou.

Na avaliação dele, São Paulo tem dado mostras de que o Brasil pode crescer mais do que têm crescido atualmente.

Sobre a crise hídrica em São Paulo, Alckmin disse que "a união é a força dos paulistas" e disse contar com a ajuda da população na economia de água para tentar superar o momento de escassez.

Os ex-governadores de São Paulo José Serra e Alberto Goldman, ambos do PSDB, compareceram à cerimônia de posse. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) não apareceram. 

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