Escolhido de Dilma para Ministério dos Transportes é alvo de ações na justiça


Cátia Seabra e Flávio Ferreira - Folha.com

Ex-vereador de São Paulo e suplente de senador que exerceu o cargo por pouco mais de dois anos, o futuro ministro dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues (PR), já foi alvo de quatro investigações. Livrou-se de punição em um caso, ainda responde em outros dois e pode voltar a responder num terceiro.

O processo que mais avançou é de 2006, quando o Tribunal de Justiça confirmou uma condenação de perda de direitos políticos por seis anos e indenização de R$ 70 milhões (em valores atualizados), numa ação de improbidade administrativa.

Carlinhos, como é conhecido, era acusado de contratar ilegalmente uma empresa de locação de mão de obra na EMTU (Empresa Metropolitano de Transportes Urbanos de São Paulo) quando era seu diretor-presidente, em 1992, na gestão do governador Luiz Antônio Fleury Filho.

Após vários recursos, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) anulou as duas condenações, citando uma falha processual, e determinou o recomeço de toda a ação.

Há ainda uma segunda investigação em curso. O Ministério Público alega que ele recebeu doação de R$ 40 mil em 2008, mas não a declarou. Sua defesa diz que o valor aparece citado no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O caso foi para o STF (Supremo Tribunal Federal) quando ele, suplente de senador, exercia o cargo enquanto a titular, Marta Suplicy (PT-SP), ocupava o Ministério da Cultura. Recentemente, voltou para a Justiça Eleitoral.

Rodrigues também foi considerado suspeito de corrupção na Operação Castelo de Areia, apuração da Polícia Federal em 2009. Manuscritos apreendidos pela PF sugeriam que a construtora Camargo Corrêa teria pago propina a ele, então presidente da Câmara, e a outros vereadores paulistanos.

Um inquérito específico chegou a ser pedido. Mas todos os processos da Castelo foram anulados pelo STJ sob a alegação de que, no início da operação, houve quebra de sigilo telefônico a partir de uma denúncia anônima. O STF irá analisar a questão e poderá reabrir a operação.

O único caso em que ele não corre mais nemnun risco é de 2012. O Ministério Público o considerou suspeito por ter declarado à Justiça Eleitoral a posse de R$ 360 mil em dinheiro. Mas a própria promotoria disse não ter encontrado provas de algo ilícito.

Procurador legislativo de carreira, Rodrigues começou sua trajetória política em 1982, como chefe de gabinete da presidência da Assembleia Legislativa. Teve como padrinhos políticos os ex-governadores peemedebistas Orestes Quércia e Fleury.

Em 2001, assumiu pela primeira vez a vaga de vereador. Na Câmara, destacou-se como líder do chamado centrão, grupo de vereadores de vários partidos para controlar a Casa. Assim, elegeu-se presidente quatro vezes consecutivas, fato inédito.

Construiu sua relação com petistas e apoiou as candidaturas de Aloizio Mercadante e Alexandre Padilha para o governo. "Quando todo mundo fugiu do Padilha, o PR ficou ao lado dele", diz.

Uma de suas marcas é o temperamento forte. Os colegas lembram que ele já puxou um subprefeito pelo colarinho e chegou a trancar um vereador numa sala para uma conversa dura.

Outro episódio lembrado é de 2008, quando foi acusado de dar um soco no ouvido do mestre-de-obras de sua casa. "Nem me lembrava disso, mas não teve processo", diz. "Esse é meu estilão", admite.

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