Propina na Petrobras continuou após saída de Paulo Roberto, aponta PF


PAINEL DA FOLHA


A Polícia Federal encontrou indícios de que os pagamentos de propina revelados pela Operação Lava Jato continuam sendo feitos na Petrobras. Relatório da última etapa da investigação diz que o esquema “apresenta continuidade mesmo após a demissão do então diretor Paulo Roberto Costa” e “assola o país de Norte a Sul até os dias atuais”. A PF vai apurar pagamentos feitos pelas empreiteiras ao doleiro Alberto Youssef já em 2014 para encontrar obras em que pode ter havido propina.

Ao ouvir depoimentos de Paulo Roberto e Youssef, os policiais concluíram que o esquema “vai muito além das obras contratadas pela Petrobras” e atinge outras áreas do governo.

Irrestrito “Essas empresas tinham interesse em outros ministérios capitaneados por partidos. Se você cria um problema de um lado, pode criar um problema do outro. Então, no meu tempo lá, eu não lembro de ter nenhuma empresa deixado de pagar”, declarou Paulo Roberto.

As empresas investigadas por participar do esquema doaram dinheiro para 12 dos 32 deputados da CPI que apura irregularidades na Petrobras na campanha deste ano.

Contribuíram ainda com outros sete líderes partidários, da base aliada e da oposição, que também participam de reuniões da comissão. As doações somam R$ 3,9 milhões.

Questionado por policiais no fim de semana se a Enegevix havia superfaturado obras da refinaria de Abreu e Lima, o diretor Newton Prado Junior lamentou: “Posso dizer pelo meu contrato: o prejuízo hoje é de R$ 369 milhões”.

Nos últimos interrogatórios de dois dirigentes da Queiroz Galvão, policiais se confundiram e os questionaram sobre contratos da Galvão Engenharia. “Não tem nada a ver”, rebateu o diretor Ildefonso Colares Filho.

Os executivos das empreiteiras que prestaram depoimento no fim de semana —e estão presos e, muitas vezes, dormindo em colchões no chão— disseram receber salários de até R$ 3 milhões por ano.

Depois de se recuperar de um voo que passou até pelo Alasca, Dilma Rousseff deve chamar Aloizio Mercadante (Casa Civil) e José Eduardo Cardozo (Justiça) para discutir o novo ministério e ecos da Lava Jato.

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