Aécio venceu em 88% das cidades de SP


Folha.com


As eleições deste ano mostraram que são cada vez maiores as dificuldades do PT em São Paulo, Estado governado pelo PSDB nos últimos 20 anos. Os números indicam que o principal problema para o PT tem sido manter seu voto tradicional, presente na região metropolitana do Estado, cidades do chamado cinturão vermelho.

Em São Paulo, Aécio teve mais votos do que Dilma em 565 das 645 cidades (88%). Em 2010, o então candidato do PSDB, José Serra, que é de São Paulo, venceu a petista em 411 cidades.

Neste ano, Dilma saiu derrotada em redutos de líderes da sigla no Estado. Locais que receberam a presença do candidato derrotado do PT ao governo paulista, Alexandre Padilha, e também do ex-presidente Lula em atos de campanha.

Origem de Lula e do prefeito Luiz Marinho, coordenador de Dilma em São Paulo, São Bernardo do Campo deu mais votos para Aécio. Em 2010, Dilma havia vencido Serra (PSDB) na cidade.

A petista também perdeu em Araraquara, berço do tesoureiro da sua campanha, Edinho Silva (PT), e em Osasco, do presidente do PT paulista, Emídio de Souza.

O diagnóstico petista aponta entre os motivos do desgaste no Estado a saída de políticos tradicionais da disputa por conta das prisões do mensalão, além uma política econômica que gerou inflação alta e baixo crescimento.

"Não temos conseguido fazer o debate com o eleitor paulista sobre os avanços dos governos do PT. O antipetismo se relevou muito forte", disse João Paulo Rillo, líder do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo.

No primeiro turno, as forças do PT se concentraram em áreas de atuação mais fortes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) no Estado e em regiões mais pobres e com maior proporção de beneficiários do Bolsa Família.

A sigla perdeu não apenas a disputa ao governo estadual, mas também uma cadeira no Senado Federal, além de oito vagas de deputados estaduais e seis de deputados federais.

O comitê de Dilma decidiu reforçar a campanha no Estado e contratará uma pesquisa qualitativa para definir estratégia de atuação. Por meio do vice Michel Temer, o PMDB será escalado para fazer campanha, principalmente no interior.

O comando nacional do PT avalia que a estratégia de desconstruir a ex-senadora Marina Silva (PSB), terceira colocada na sucessão presidencial, produziu efeito não calculado e ajudou a inflar votos do PSDB em São Paulo até em redutos tradicionais petistas.

A expectativa do PT era que os votos de Marina no Estado, maior colégio eleitoral do país, migrassem para a reeleição de Dilma, tendo em vista sua ligação histórica com a legenda.

DANOS

O PT agora discute a montagem de uma operação de "redução de danos" para evitar um crescimento ainda maior do tucano no Estado.

Para petistas, São Paulo virou um terreno "inóspito" e pode empurrar Aécio para um empate com a rival ou, até mesmo, ultrapassá-la nas próximas pesquisas de intenção de voto.

A participação de Lula na segunda etapa da eleição ainda precisa ser definida. Padrinho e sucessora não conversaram no domingo, dia da eleição. Depois de votar, ele viajou para o sítio de sua família no interior paulista e ficou incomunicável.

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