Aécio tem potencial de crescimento superior ao de Marina


MAURO PAULINO
DE DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA
ALESSANDRO JANONI
DE DIRETOR DE PESQUISAS DO DATAFOLHA


A pesquisa divulgada nesta quinta (2) pelo Datafolha, assim como esta análise, foram feitas antes do último debate entre os candidatos.

Qualquer tipo de influência do evento sobre a corrida presidencial será captada no levantamento cujas entrevistas serão realizadas entre esta sexta (3) e a manhã de sábado. Possíveis movimentos que ocorrerão a partir daí apenas as urnas revelarão.

Mas é importante registrar as marcas com que os candidatos chegaram ao confronto na TV para justamente medir se haverá ou não algum impacto na disputa.

Constatar, por exemplo, que no dia e nos momentos que antecederam o programa a taxa de intenção de voto total em Dilma Rousseff (PT) mantinha-se no patamar dos 40%, a seis pontos de uma vitória no primeiro turno.

E que Marina (PSB) e Aécio (PSDB) entraram no debate tecnicamente empatados, situação inédita desde agosto, logo depois da morte de Eduardo Campos, quando a ambientalista ainda não tinha oficializado sua candidatura.

Dependendo da repercussão e da percepção do eleitorado sobre o saldo de desempenho dos candidatos nesta reta final, as tendências atuais das curvas podem se intensificar até o dia da eleição.

Ou, ao contrário, se algum fato sensibilizar segmentos com peso quantitativo relevante, refluxos podem ser cogitados. Numa eleição presidencial onde, pela primeira vez, a maioria do eleitorado possui ao menos o nível médio de escolaridade, a velocidade da informação não pode ser subestimada como componente decisivo na elaboração do voto.

Mas, caso nada impactante aconteça, esperam-se para a véspera da eleição variações de Dilma entre 38% e 43%, de Marina entre 22% e 27%, e de Aécio entre 19% e 25%. Como se observa, os dois candidatos da oposição possuem evidente zona de sobreposição entre suas projeções, o que indica decisão apertada no dia do pleito.

Com o acirramento na disputa pela vaga de adversário de Dilma no segundo turno, vale uma análise mais atenciosa dos cenários.

No primeiro momento, tem-se a impressão de equilíbrio também na etapa final. Tanto Marina quanto Aécio alcançam 41% das intenções de voto, ante 48% da atual presidente.

Porém o espaço para crescimento de ambos é um pouco diferente. Se a ex-ministra possui uma vantagem numérica de três pontos percentuais nas intenções de voto no primeiro turno, a tendência se inverte pró-tucano quando o assunto é o potencial total das candidaturas no segundo.

Considerando-se a taxa de rejeitadores que conhecem de fato cada um dos candidatos –os "causa perdida"–, sobraria para Aécio Neves um potencial total de crescimento máximo de 27 pontos, ante 24 de Marina. Para Dilma, neste momento, o espaço é de 11 pontos.

Também é interessante perceber os contrastes de perfil dos eleitores da oposição para a etapa final.

No segundo turno, Marina atrai um pouco mais os jovens, os que vivem nas capitais e os evangélicos, enquanto Aécio se destaca especialmente entre os moradores do Sul, entre os do Centro-Oeste, entre os católicos e entre os mais velhos.

A ambientalista consegue no segundo turno 55% dos que pretendem votar no tucano na primeira etapa. Já o ex-governador de Minas chega a captar 60% dos que optam pela ex-ministra agora no dia 5.

Aécio atrai 60% dos simpatizantes do PMDB em um confronto direto contra Dilma, enquanto Marina leva 49% desse segmento. Números que podem levar petistas a questionar se de fato foi uma boa estratégia a desconstrução feroz de Marina Silva. 

Editoria de arte/Folhapress 


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