3% dos contratos ‘eram para atender ao PT, diz Ex-diretor da Petrobrás


Em depoimento à Justiça Federal, Paulo Roberto Costa revela que dinheiro dos contratos de produção, gás e energia ‘iam diretamente para o PT’

Fausto Macedo e Mateus Coutinho - Estadão


O ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, afirmou à Justiça Federal que o PT ficava com 3% sobre o valor dos contratos da estatal. “Todos sabiam que tinha um porcentual dos contratos da área de abastecimento. Dos 3%, 2% eram para atender ao PT através da diretoria de Serviços.”

“Outras diretorias como gás e energia e produção também eram PT”, declarou o ex-diretor da Petrobrás. “Então, tinha PT na diretoria de produção, gás e energia e na área de serviços. O comentário que pautava a companhia nesses casos era que 3% iam diretamente para o PT.”

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, alvo maior da Operação Lava Jato, afirmou também que os desvios de recursos na estatal ocorreram em um processo de “cartelização das grandes empresas do Brasil”. Ele disse que existia no âmbito das grandes obras da Petrobrás “um acordo prévio” entre as empreiteiras.

“Na área de petróleo e gás essas empresas, normalmente entre os custos indiretos e o seu lucro, o chamado BDI, elas colocam algo entre 10% a 20% dependendo da obra, dos riscos, da condição do projeto. O que acontecia especificamente nas obras da Petrobrás, o BDI era 15%, por exemplo, então se colocava 3% a mais alocado para agentes políticos.”

Paulo Roberto Costa afirmou que todas as diretorias da Petrobrás são ocupadas por indicações políticas. Ele disse que foi indicado, em 2004, pelo então deputado José Janene, do PP – Janene, réu do mensalão do PT, morreu em 2010.

Segundo Costa, desde o governo José Sarney (1985/1989) as indicações políticas são rotineiras na Petrobrás. Ele confirmou ainda que todos os diretores da estatal, bem como os presidentes da empresa José Eduardo Dutra, na época em que ele entrou na diretoria de Abastecimento, e José Sergio Gabrielli, que assumiu a presidência da estatal em 2005, sabiam de sua indicação política.

Cartelização. Em seu depoimento à Justiça, ele também afirmou que existe uma cartelização entre as grandes empresas do País para fazer obras, não só na Petrobrás, mas também de “ferrovias, portos e aeroportos”. ”O Brasil fica restrito a essas poucas empresas”, afirmou.

“Quando começou essa atividade (da refinaria de Abreu e Lima), ficou claro para mim a existência desse ‘acordo prévio’ entre as companhias em relação às obras. Ou seja existia claramente, isso me foi dito por algumas empresas e presidentes de suas companhias de forma muito clara, que havia uma escolha de obras dentro da Petrobrás e fora da Petrobrás”, disse. “Por exemplo (se tem umm projeto de) usina hidrelétrica de tal lugar, nesse momento qual empresa está disponível para fazer? E essa cartelização obviamente que resulta num ‘dellta preço’ excedente.”, continuou.



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