Marina tem 'pouco conhecimento' sobre SP, diz tesoureiro do PSB


Lucas Sampaio - Folha.com 


Presidente do PSB paulista e vice de Geraldo Alckmin (PSDB) na candidatura ao Palácio dos Bandeirantes, Márcio França afirmou nesta quarta-feira (17) que Marina Silva (PSB) não apoia o tucano porque "tem pouco conhecimento" sobre São Paulo.

França foi questionado sobre o porquê de a candidata do PSB à Presidência não apoiar Alckmin no maior colégio eleitoral do Brasil, em atitude contrária a de Eduardo Campos, morto em 13 de agosto.

"O Eduardo era um candidato mais simpático ao Alckmin, a Marina faz críticas", comentou uma repórter.

"Ele [Alckmin] compreende [as críticas]. Como ela [Marina] não é daqui, ela tem pouco conhecimento [sobre São Paulo]", respondeu França. "A diferença é que o Eduardo viveu aqui dois meses. Ele percebeu e fez a mudança."

Quando Campos era o cabeça da chapa presidencial do PSB, Marina tentou fazer com que o partido lançasse candidatura própria no Estado, mas o PSB decidiu apoiar a tentativa de reeleição do tucano.

"No começo ele [Campos] também ficou na dúvida [sobre apoiar Alckmin]. Depois ele percebeu que era o desejo do partido, de diversos prefeitos, vereadores. Essa fase ficou pra trás. O tempo mostrou que estávamos certos", afirmou o candidato a vice sobre o governador. "Ninguém tem 50% dos votos há tantos anos se não tiver alguma coisa positiva."

O candidato a vice na chapa tucana mencionou os bons índices de intenção de voto de Marina no Estado e o "voto casado" entre ela e Alckmin. "O Estado em que a Marina tem mais voto é São Paulo", ressaltou.

"O eleitor associa quem tem idoneidade e capacidade para derrotar o PT. Aí ele associa Marina e Geraldo, Geraldo e Marina. É uma associação que o eleitor fez. Mais de 80% dos votos dos dois são casado", afirmou, sobre as últimas pesquisas eleitorais.

França participou de um evento do PSB em apoio à reeleição de Alckmin. O candidato a vice de Marina Silva, Beto Albuquerque (PSB), participou do ato, enquanto ela passou o dia no Rio de Janeiro.

Beto Albuquerque minimizou a rejeição de Marina a Alckmin. "Todos sabemos da opinião da Marina em muitos palanques estaduais."

"As alianças onde a Marina não concordou ela não tem nenhuma obrigação de estar presente", disse o candidato do PSB a vice-presidente. "Eu estou cumprindo esse papel, que é o que Eduardo Campos cumpria."

GOVERNAR COM "OS MELHORES"

Albuquerque reiterou o discurso de Marina, de que governará com "os melhores" caso o PSB vença a eleição presidencial. "Nós vamos governar com os bons de todos os partidos, inclusive com os bons do PMDB."

"E vamos colocar no banco de reservas as velhas figuras do PMDB, que hoje não só governam como tomam conta da Esplanada [dos Ministérios]. Nós não vamos compor o governo ouvindo o [José] Sarney, o Renan [Calheiros], o Jader Barbalho, essas caricaturas da velha política no país", disse o pessebista.

"O PMDB tem quadros importantes, assim como o PSDB tem, assim como o PT também tem", afirmou Beto. "Nós, se chegarmos ao governo, não teremos nenhum problema de falar com esses quadros bons para governarem conosco."

POSSÍVEL CONSTRANGIMENTO

Apesar de o evento ser organizado pelo PSB, o governador Geraldo Alckmin foi o mais aplaudido ao ser anunciado no palco.

Questionado sobre um possível constrangimento por estar em um evento do PSB, que nacionalmente concorre com o candidato tucano Aécio Neves, Alckmin contemporizou. "Não tem nenhum mal estar, o PSB é nosso coligado aqui em São Paulo. Nós temos uma aliança."

"O PSB tem a sua candidata, que é a Marina, nós temos o nosso candidato, que é o Aécio. E aqui em São Paulo estamos todos juntos", disse o governador, que evitou comentar a declaração de seu candidato a vice, Márcio França, sobre Marina Silva. "Tenho grande respeito pela Marina desde o tempo que ela foi ministra do Meio Ambiente."

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