"Marina se faz de vítima", diz Aécio Neves



O candidato à Presidência da República pela Coligação Muda Brasil, Aécio Neves, afirmou, nesta segunda-feira (08/09), em Belém (PA), que a candidata do PSB, Marina Silva, tenta se vitimizar quando questionada sobre incoerências entre propostas de governo apresentadas nesta campanha e posições adotadas quando era integrante do PT. Aécio também reagiu à falta de esclarecimentos da presidente Dilma Rousseff sobre as denúncias de corrupção na Petrobras, envolvendo aliados políticos do governo, que Aécio classifica como “Mensalão 2”.

No caso de Marina Silva, Aécio ressaltou que, ao colocar “no mesmo saco as críticas ao PT e ao PSDB, comete um equívoco” e “foge do debate”. Para ele, a sociedade aguarda respostas da candidata do PSB sobre temas como o agronegócio e o cultivo de transgênicos.

“Quero saber qual é o compromisso da Marina com o agronegócio, se vale o de hoje ou vale o de 1999, quando ela apresentou um projeto proibindo o cultivo de transgênicos no país”, disse em entrevista coletiva, ao chegar a Belém. “O Brasil tem o direito de saber em qual candidata eventualmente vai votar. Esse é o jogo político e ela tem que estar preparada para dar essas explicações”, destacou Aécio.

Incoerências

O candidato da Coligação Muda Brasil também citou como exemplos de incoerência por parte de Marina Silva o voto, ainda como parlamentar do PT, contra a Lei de Responsabilidade Fiscal (em 2000) e a oposição dos petistas ao Plano Real (em 1994), que estabilizou a economia e pôs fim à hiperinflação, permitindo a distribuição de renda.

Aécio Neves lembrou a origem de Marina Silva no PT e a sua militância de 20 anos nesse partido. “Nós, do PSDB, queremos saber [quais são os compromissos de Marina Silva], até porque não temos semelhança alguma com o PT. Se alguém tem uma semelhança ou uma identidade com o PT é ela, pelos seus mais de 20 anos de militância no partido, não somos nós”, disse.

Aécio destacou a coerência entre as propostas de sua campanha e sua atuação como governador de Minas durante dois mandatos. Ele reafirmou a crítica às constantes mudanças de opinião por parte de Marina Silva.

“Quero saber com quem ela vai governar e de que forma pretende governar o país. Com que convicções? Porque quem muda de opinião a todo instante, em razão das circunstâncias ou de determinadas pressões, a meu ver, mostra uma fragilidade muito grande pra enfrentar um país com as complexidades, com as dificuldades que vamos enfrentar a partir do ano que vem”, ressaltou.

Ressalva

O candidato a presidente da República ressalvou a conduta de Eduardo Campos, morto em acidente de avião em 13 de agosto. De acordo com ele, Campos era seu amigo e um exemplo de “homem de bem”.

Questionado sobre a referência a seu nome entre os políticos beneficiários de esquema de corrupção na Petrobras, Aécio defendeu Campos. “Convivi com Eduardo durante 30 anos. Isso não combina com ele, que era um homem de bem. Agora, esse discurso da candidata Marina de que é vítima dos ataques do PT e do PSDB é um discurso muito defensivo.” Ele disse que “ninguém está imune a qualquer tipo de crítica”, afirmou. 

Mensalão 2

Aécio voltou a cobrar da presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff, explicações sobre as denúncias de corrupção na Petrobras. “A verdade é que o governo do PT enlameou a nossa principal empresa. E não adianta o governo dizer que não sabia. É preciso que as respostas sejam diretas, objetivas e que essas investigações possam ser aprofundadas. Quem tem responsabilidades tem que ser punido exemplarmente.”

Para ele, Dilma foi beneficiária do esquema do ponto de vista político. “Não acredito que a presidente da República tenha recebido recursos desse esquema. Mas, do ponto de vista político, ela foi beneficiária sim e tinha a obrigação de saber aquilo que acontece no seu entorno. Administrar é tomar decisão, coibir malfeitos, apresentar resultados positivos, tudo o que esse governo não vem fazendo.”

O candidato reafirmou que o governo do PT acabou e que o esquema de corrupção descrito pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa representa o “Mensalão 2”. 

“É só uma questão de tempo. Estamos aí frente ao Mensalão 2. A principal empresa pública brasileira submetida a interesse de grupos. Para quê? Para manter o PT no poder.”

Aécio destacou que o objetivo de sua candidatura é começar uma nova fase no país. “[Queremos] encerrar esse ciclo perverso de governo do PT, que tão mal vem fazendo ao país, para iniciarmos um novo ciclo de seriedade e respeitabilidade na gestão do recurso público; um ciclo onde possamos colocar, ao mesmo tempo, a ética junto com a eficiência, com a competência”, afirmou.

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