Sabatina Estadão: Aécio promete cortar um terço dos cargos comissionados


Convidado da série Entrevistas Estadão, tucano afirma que vai reduzir gastos do governo, diz que Marina tem 'dicotomias' a esclarecer e que FHC é seu 'conselheiro' na campanha

LILIAN VENTURINI E GUSTAVO ZUCCHI - O ESTADO DE S. PAULO


O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, afirmou nesta quarta-feira, 27, que, se eleito, vai cortar um terço dos mais de 22 mil cargos comissionados mantidos pelo governo federal. Quarto convidado da série Entrevistas Estadão, o tucano voltou a defender a redução do número de ministérios para enxugar gastos, evitou falar sobre o desempenho de Marina Silva (PSB) nas pesquisas eleitorais e definiu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como seu "conselheiro" nesta campanha.

Aécio afirmou estar em estudos por sua equipe propostas de reduzir os custos com a estrutura administrativa do governo federal. Além de diminuir cargos comissionados, o tucano repetiu ser possível governar com a metade dos atuais 39 ministérios. Sem enumerar quais cortaria, Aécio voltou a citar como exemplo a pasta da Pesca, que, segundo ele, é ineficiente e não atende às demandas do setor. Para o tucano, os ministérios hoje apenas servem para a manutenção de alianças políticas. "Eu não tenho nada contra o ministro (Eduardo Benedito Lopes), mas eu consigo colocar mais rapidamente uma isca no anzol do que ele", ironizou.

O candidato manteve as críticas à condução da política econômica, tema que tem dominado sua campanha. Aécio acusou o governo de esconder os dados oficiais sobre a economia e atribuiu à ausência de transparência do governo federal à perda de credibilidade do setor produtivo brasileiro. "Eu tenho convicção que grande parte desta perda, crescente da confiança e credibilidade do Brasil, vem da pouca transparência dos dados oficiais. O orçamento hoje é uma grande peça de ficção", disse.

Ao falar sobre os 12 anos do PT à frente do Palácio do Planalto, Aécio diz que o modelo atual está esgotado e que o partido "fracassou". Para o candidato, o PT acertou ao manter os pilares macroeconômicos e ao unificar os programas sociais, com a criação do Bolsa Família. O elogio, entretanto, faz referência à continuidade de parte das políticas econômicas e sociais dos governos Fernando Henrique, a quem o candidato se referiu como um "conselheiro" dele nesta campanha.

Questionado sobre qual será a participação de FHC nas eleições, Aécio afirmou que em breve o tucano vai aparecer em sua campanha. "Das coisas que mais me tem trazido alegria nesta campanha é a companhia do ex-presidente FHC. É um homem que o mundo respeita. Ele está ao meu lado e terá um papel importante em nosso governo. Quem acha que isto não faz bem, que não vote em mim. Mas quem achar que faz, vote", afirmou Aécio. Para estas eleições, o PSDB planejava destacar com mais clareza as conquistas das gestões FHC, o que não ocorreu em 2010, quando o ex-governador José Serra era o candidato do Planalto.

Marina Silva. Aécio evitou falar sobre o desempenho da candidata do PSB, Marina Silva, nas recentes pesquisas de intenções de voto, que a colocaram em segundo lugar na disputa pelo Palácio do Planalto. Sem fazer referência direta a Marina, o candidato disse que o Brasil "Brasil não é para amadores", e que seu programa de governo é o mais adequado para as necessidades do País.

O tucano ainda ironizou declarações recentes de integrantes da campanha da ex-ministra de que pretende governar com quadros dos governos tucano e petista. "Bonita a declaração, mas o que ela quis dizer com isso? Ela precisa escolher por qual modelo vai optar", disse, por entender que não é possível ficar com os dois modelos tão distintos. "Essas dicotomias têm que ficar claras", complementou.

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