Governador Alckmin diz que é preciso priorizar água para consumo humano


Alckmin defende redução na vazão do Jaguari para Minas e Rio
'Energia elétrica tem outras possibilidades, como a termoelétrica', afirmou

Tatiana Santiago - G1


O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), defendeu nesta segunda-feira (11) a redução na vazão de água em usina hidrelétrica instalada no Rio Jaguari. O rio, que faz parte da bacia do Paraíba do Sul, abastece cidades em Minas Gerais e no Rio de Janeiro.

Na semana passada, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) notificou a Companhia de Energia de São Paulo (Cesp) por descumprir determinação de elevar a vazão. Isso, segundo a Aneel, pode colocar em risco o sistema de geração de energia da Light.

"Primeiro o abastecimento humano de água, depois o abastecimento de animais e depois os demais itens", disse Geraldo Alckmin.

Durante visita a uma unidade de saúde em Heliópolis, na Zona Sul da cidade de São Paulo, Alckmin também disse que está seguindo a lei ao descumprir a determinação do ONS.

"Nós temos que priorizar o abastecimento das cidades. Energia elétrica tem outras possibilidades, como a termoelétrica, que não precisa de água", afirmou o governador.

Alckmin também alegou que grande parte do que é retirado em Barra do Piraí (RJ) é usado na geração de energia pela empresa Light. "Apenas 45 metros cúbicos por segundo são usados para o abastecimento humano no Rio de Janeiro", afirmou, citando o total de 113 metros cúbicos por segundo que são repassados.

De acordo com o governador, todas as cidades do Vale do Paraíba consomem apenas 5 metros cúbicos por segundo para abastecimento humano. Para tentar resolver esse tipo de impasse, no qual uma maior quantidade de água de um rio estadual é repassada para o estado do Rio, Alckmin disse que vai se reunir com a Agência Nacional de Águas (ANA) para colaborar com a melhor solução.

Ele descartou a hipótese de São Paulo entrar na Justiça como fizeram outros estados. "Nós queremos colaborar. Agora, há necessidade de cumprir a lei e a lei é clara." O governador não descartou a possibilidade de aumentar a vazão do Jaguari posteriormente, caso exista a necessidade.

Racionamento
Alckmin disse que nenhum dos 2 milhões de moradores que sofrem com rodízio em cidades no estado, conforme reportagem da "Folha de S. Paulo" é atendido diretamente pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).

"Nenhum dos municípios operado pela Sabesp, e nós temos o maior sistema do estado, tem racionamento. São sistemas municipais, nós não podemos neste momento passar recursos por causa da lei eleitoral, mas estamos dando toda a assistência técnica", afirmou o governador. Segundo Alckmin, os repasses são feitos atualmente pela agência Desenvolve SP por meio de financiamento e a fundo perdido para municípios menores.

Novas represas
De acordo com o governador, a obras previstas, mas nenhuma para ser entregue ainda durante a atual crise de abastecimento. Segundo Alckmin, serão construídas duas represas na região de Campinas, nas cidades de Amparo e Pedreira. As obras estão na fase no projeto executivo e licenciamento. "A construção dessas represas ajudará a aliviar o Sistema Cantareira", disse.

Alckmin diz que o estado também planeja a interligação entre os reservatórios Atibainha e Jaguari, e realizou a assinatura de uma Parceria Público Privada (PPP) para criação do Sistema São Lourenço. No entanto, essas obras não ficarão prontas até o próximo ano.

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