Em prisão de SP, detentas concluem curso de culinária com Alex Atala


Trinta e cinco mulheres da Penitenciária Feminina da Capital tiveram aulas com o renomado chef

FELIPE RESK - O ESTADO DE S. PAULO

Foto: Foi emocionante participar da formatura de 35 reeducandas da Penitenciária Feminina da Capital no curso inicial de gastronomia, com os chefs Alex Atala e David Hertz. O curso é resultado de uma parceria entre o governo de SP, a Gastromotiva Brasil e o ATÁ.
Queremos tornar este projeto permanente, fazendo um curso por mês. O setor de gastronomia é altamente empregador e o que mais falta são profissionais com boa formação, preparados para o mercado de trabalho. 
Parabéns às formandas!

A paraguaia Deisy Carina, de 24 anos, arregala os olhos quando fala da família: há um ano e dois meses não tem notícia da mãe nem dos irmãos. O período corresponde ao tempo em que está na Penitenciária Feminina da Capital (PFC), na zona norte de São Paulo, para onde foi condenada a 16 anos de reclusão por tráfico de drogas.

Se não estivesse presa a mais de 1,2 mil quilômetros de casa, Deisy mostraria com orgulho as duas rosas de plástico e o certificado que ganhou por concluir um curso de gastronomia iniciado há duas semanas na unidade penal. Na cerimônia, recebeu também a foto da turma. Ao todo, 35 mulheres - entre elas, 21 estrangeiras e três funcionárias da PFC - posam lado a lado.

Transformação. O curso é empreendido pela Gastromotiva, organização fundada pelo chef David Hertz, com apoio do Instituto Atá, do renomado chef Alex Atala, em parceria com o governo do Estado e com o Tribunal de Justiça de São Paulo.

“Trabalho para pessoas favorecidas, mas o maior luxo que temos é poder transformar as pessoas para melhor”, disse Atala. “A ideia é fazer transformação social tendo a gastronomia como fio condutor”, reforçou Hertz.

Presente à cerimônia, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) mostrou-se animado. “Vamos manter um curso por mês, para formar 350 pessoas do setor por ano”, disse. O governador não ficou para a degustação do escondidinho de carne-seca com três raízes e bolo de aipim com laranja feitos pelas alunas.

De tudo que aprendeu, o que Deisy mais gosta de cozinhar é xinxim de galinha. “Antes, não sabia nem fritar um ovo”, confessa. Hoje, até trabalha na cozinha da penitenciária. “Olha, a televisão veio aqui, quem sabe minha família, lá do Paraguai, não vê que, agora, eu estou no caminho certo?”

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