Aécio: diferenças partidárias nunca impediram diálogo


‘Vou deitar na cama com meus filhos e apagar a luz’, disse o candidato do PSDB à Presidência, ao lamentar a morte do amigo

THIAGO HERDY - O Globo

Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência, chamou Eduardo Campos de “grande amigo” em coletiva na tarde desta quarta -Reprodução/GloboNews

O candidato à presidência pelo PSDB, Aécio Neves, lamentou na tarde desta quarta-feira a morte de Eduardo Campos, a quem chamou de “homem valoroso” e “um grande amigo”. Em pronunciamento no seu comitê, na capital paulista, disse considerar sua partida “uma perda que dói fundo em todos”. Em pronunciamento para a imprensa, Marina Silva disse que aprendeu a respeitar os ideais de Campos e que a imagem que quer guardar é dele 'cheio de alegria'. A presidente Dilma Rousseff fez pronunciamento na TV em que disse que o Brasil perde um jovem político promissor.

Aécio demonstrou consternação ao saber da tragédia, nesta manhã, ao desembarcar em Natal (RN) para um compromisso de campanha:

- Logo que pousei em Natal e soube da tragédia, ainda sem informações definitivas, me veio à mente a lembrança da Renata e dos filhos dele. E o meu pensamento, da Letícia e de toda a minha família, é voltado para eles. Eduardo tinha uma família extraordinária, alegre, feliz, coesa - afirmou o candidato, com olhos inchados, em pronunciamento para imprensa, em São Paulo.

E prosseguiu:

- Guardarei com muito carinho a última mensagem que recebi do Eduardo domingo agora no Dia dos Pais, logo cedo. Ele foi um dos primeiros a mandar, cumprimentando pela chegada do meu filho Bernardo em casa e desejando que ele pudesse estar com saúde e com força para continuar a sua caminhada. Eu retribui cumprimentando pelo seu aniversário.

Na viagem de retorno de Natal (RN) para São Paulo, onde se reuniu com parte do comando de sua campanha, Aécio passou a maior parte do tempo calado, segundo companheiros de viagem. Decidiu cancelar toda a agenda da campanha, pelo menos até o enterro de Campos.

Ao ser perguntado sobre o impacto da morte do político do PSB no cenário eleitoral, Aécio disse não conseguir "pensar em nada".

- Estou muito consternado. É um baque que demora um pouco para recuperar.

Aécio e Campos se conheceram e ficaram amigos nos anos 80, no palanque da campanha pelas Diretas Já, onde militavam seus avós, Tancredo Neves e Miguel Arraes. Quando o Globo perguntou separadamente a Aécio e a Eduardo Campos, em 2011, o que um considerava o maior problema do jeito de fazer política do outro, as repostas foram iguais:

- De nos ver em campos opostos - disse Campos.

- De ele estar em um campo e eu em outro - disse Aécio, sem ter tido a chance de combinar a resposta com o socialista.

Rusgas políticas tornadas públicas nos últimos meses, em função da briga pelo segundo lugar na campanha presidencial contra Dilma, não abalaram a amizade e a afinidade dos dois, garantem aliados do tucano.

- Não tenho dúvidas de que a gente ia estar juntos em um projeto futuro aí - disse, ontem, Aécio, pouco antes de entrar no carro para pegar um avião com destino ao Rio de Janeiro, onde passaria a noite com a família.

- Vou deitar na cama com meus filhos e apagar a luz.

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