Partido de Maluf cobra 'dízimo' mensal de funcionário indicado na Cohab em SP


Artur Rodrigues e Leandro Machado - Folha.com

O Partido Progressista, do deputado federal Paulo Maluf, cobra dízimo via boleto bancário até de servidores da Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação) sem ligação com a legenda.

Maluf controla a área de habitação da prefeitura desde o começo da gestão de Fernando Haddad (PT), o que inclui a companhia responsável pela construção de moradias populares.

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A Folha revelou no domingo (27) que funcionários comissionados, indicados pelo partido, deixam de trabalhar na Cohab e até usam carro oficial para atuar para o PP.

Enquanto isso, servidores da companhia afirmam que mesmo aqueles que não têm ligação partidária são obrigados a pagar a mensalidade –a Cohab tem mais de 130 cargos de confiança.

Editoria de Arte/Folhapress 

A reportagem teve acesso a e-mails, boleto e uma carta enviados pelo PP que mostram a cobrança sistemática do chamado dízimo partidário.

Em 2005, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) vetou a cobrança obrigatória da contribuição. Mesmo assim, a prática persiste, normalmente em relação aos filiados.

Na Cohab, os valores variam conforme o salário. Os funcionários dizem que as mensalidades são a partir de R$ 200, mas, em alguns casos, podem chegar perto de R$ 2.000.

Os boletos da Caixa Econômica Federal são enviados por e-mail já com os nomes dos empregados. Dois dias antes do vencimento, o Diretório Estadual do PP ainda manda outro e-mail, para lembrar os funcionários.

Servidores reclamam que podem até ser advertidos pela cúpula do PP caso não façam os pagamentos em dia.

Procurado neste domingo (27), o partido não respondeu aos questionamentos da reportagem. A Cohab não se manifestou sobre o assunto.

EXPEDIENTE

A Folha acompanhou desde o último dia 17 o cotidiano de funcionários da Cohab, que foram flagrados trabalhando para o PP durante o horário de expediente.

Um deles, Fernando Martins Pizo, foi demitido na sexta-feira (25), após questionamentos da reportagem à companhia. Procurado, ele não retornou às ligações.

A Cohab apura a conduta de outros funcionários.

A reportagem flagrou outros quatro diversas vezes na sede do partido ou no comitê político do candidato a deputado federal Guilherme Ribeiro, filho do secretário-geral do PP, Jesse Ribeiro.

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