"O 'fair play' do samba", artigo de Penélope Toledo



Imagine que oponentes não se vejam como inimigos. Que apesar de almejarem o mesmo título, troquem experiências e se ajudem. Que visitem a sede um dos outros e, pasmem, beijem o pavilhão alheio. Que, recebendo as visitas, as tratem com carinho e honras. Que consigam ficar lado a lado numa mesma arquibancada, mesmo vestindo camisas de agremiações diferentes. Que até chateados por não vencerem, tenham a hombridade de cumprimentar quem venceu e parabenizar-lhe. Que reconheçam e homenageiem os talentos dos adversários. Que cantem as músicas de todos, sem rivalidade, sem ódio, sem arrogância. Não, isto não é utopia; não no samba.

Entre o povo do samba não existe inimizade, intolerância, hostilidade ou ciúme. Muitos sambistas, inclusive, desfilam por várias – ou mesmo por todas – as escolas, sem que isso provoque discórdia ou soe como traição. É porque no samba todo mundo é irmão, parceiro, camarada. Afinal, samba é alegria, não combina com raiva. Samba é gente junto, sem distinção de quem é quem. Samba é povo feliz cantando e dançando lado a lado ao som contagiante da bateria, aquele som que invade a alma e nos convida a todos para compormos esta grande família.

Na ressaca da Copa do Mundo, nada como lembrarmos de uma expressão muito em voga no futebol: o fair play. Este termo está ligado às noções de espírito esportivo, respeito às regras, ética, bom senso, lealdade e o respeito indiscriminado a todos. Exatamente como acontece no mundo do samba! E como o futebol e o samba são igualmente paixões nacionais, e por isso têm tanta coisa em comum, quem sabe os boleiros e os torcedores do esporte bretão se inspirem nos sambistas e comecem a praticar, de fato, o tão famoso fair play. Sim, porque ambos são festa… são amor… ambos fazem o povo brasileiro feliz!



Penélope Toledo é jornalista

Fonte: Novos Bambas


Comentários