Alckmin culpa o governo federal pelo endividamento da Santa Casa de SP


Gustavo Uribe - Folha.com


O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), culpou nesta quarta-feira (23) o governo federal pelas dificuldades financeiras da Santa Casa de São Paulo, que fechou seu pronto-socorro nesta terça (22).

O Ministério da Saúde, no entanto, defendeu as políticas adotadas pelo governo federal para dar suporte financeiro às Santas Casas e destacou que "os recursos destinados (...) não se limitam à tabela SUS".

De acordo com o tucano, as dívidas do hospital filantrópico devem-se, entre outros motivos, ao fato de a tabela do SUS (Sistema Único de Saúde) não ter sido reajustada nos últimos dez anos e ao subfinanciamento da área da Saúde.

"Há um encarecimento. A medicina ficou sofisticada, e a população, mais velha. É necessário investir mais na Saúde. Aí o governo mais rico, que é o governo federal, vai diminuindo a sua participação. Como ele diminui? Não corrigindo a tabela (do SUS)", criticou o tucano, que é candidato à reeleição em outubro.

O Ministério da Saúde da gestão Dilma Rousseff (PT) afirma queos incentivos federais mais que dobram o valor anual de repasse à Santa Casa por procedimentos da tabela do SUS –que representam metade dos R$ 303 milhões previstos para 2014.

MÁ GESTÃO

Nesta quarta (23), o secretário estadual da Saúde, David Uip, afirmou que o endividamento da Santa Casa se deve a uma má gestão nos recursos recebidos pela entidade.

"A Santa Casa recebe, por exemplo, para fazer dez cirurgias e produz sete. A pergunta é: onde estão estas três cirurgias. Não estamos suspeitando de nada, porque gerir um hospital é muito difícil. Estamos dizendo que essa auditoria tem tom colaborativo", disse o secretário.

Uip anunciou o repasse, de maneira emergencial, de R$ 3 milhões para a reabertura do pronto-socorro, mas condicionou a liberação de novos recursos à realização de uma auditoria nas contas do centro médico.

'PROBLEMA NACIONAL'

O governador estimou que as dívidas das Santas Casas no país estejam em torno de R$ 16 bilhões –a unidade paulistana tem um orçamento de R$ 1,3 bilhão e uma dívida de mais de R$ 350 milhões, com juros de quase R$ 3 milhões por mês.

Alckmin ressaltou que o financiamento da Saúde nos últimos anos pelo governo federal caiu de 60% para 46%, o que para ele tornou a questão um "problema nacional".

"Todo mundo que atende o SUS passa por dificuldades, porque a tabela paga metade do custo. Então, quanto mais você atender pelo SUS, mais prejuízo vai ter. Isso é um problema nacional", afirmou.

Ele reconheceu que, para evitar o endividamento, é necessário também melhorar a gestão na Santa Casa de São Paulo. De acordo com ele, o governo paulista paga atualmente ao hospital filantrópico 170% a mais que a tabela do SUS.

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