Aécio Neves rebate Dilma e diz que aliados 'sugam' a petista


Gabriela Guerreiro - Folha.com 

Candidato do PSDB à Presidência, o senador Aécio Neves (MG) rebateu nesta quarta-feira (26) críticas da presidente Dilma Rousseff aos políticos que entram em acordos por "conveniências" e não por "convicções". Aécio disse que Dilma vem conquistando tempo de TV para a sua campanha à Presidência de partidos aliados, mas vai perder o apoio da maioria ao longo da campanha –com a adesão de governistas à sua candidatura.

"Muito mais gente já desembarcou e o governo ainda não percebeu. Vão sugar um pouco mais. E eu digo para eles: façam isso mesmo, suguem mais um pouquinho e depois venham para o nosso lado", ironizou o tucano.

Aécio disse que o modelo adotado por Dilma nas negociações de alianças é um "acinte" aos brasileiros, especialmente depois que a presidente substituiu César Borges do Ministério dos Transportes para atender um pleito do PR –que não considera o ministro da "cota" da sigla.

"A presidente Dilma se desdiz. Jogou pela janela o discurso que fez há quatro dias na convenção que referendou sua candidatura. Está deixando explícito que a sua nova fórmula para a mudança é essa, a pior de todas, é a mercantilização da política", atacou.

Líderes do PSDB na Câmara e no Senado, Antônio Imbassahy (BA) e Aloysio Nunes Ferreira (SP) divulgaram notas para também rebater as declarações de Dilma. Aloysio disse que Dilma faz "campanha sob tutela de Lula" e sua fama de gestora foi "desmentida pela mediocridade" do seu governo.

Ao comentar o retorno de Paulo Sérgio Passos para o Ministério dos transportes em substituição a Borges, Aloysio disse que a "faxina" feita pela petista na pasta agora traz de volta os "que haviam sido excluídos com estardalhaço".

"Às favas com as razões éticas alardeadas à época da faxina: agora vale tudo em troca de alguns segundos de propaganda na TV. Para esse mesmo fim, Dilma, nos últimos dias, raspou o tacho do fisiologismo para aplacar o apetite insatisfeito de aliados descontentes, prestes à defecção", afirmou o tucano.

Aloysio criticou o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, um dos líderes do PSD, que formalizou nesta quarta-feira apoio à candidatura de Dilma. As críticas da presidente às "alianças de conveniência" foram feitas durante a convenção nacional do PSD.

"Kassab é o aliado correto que, há dois dias, fora impiedosamente vaiado na convenção do PT na presença da mesma presidente Dilma."

Para Imbassahy, Dilma está "fazendo o diabo" para se reeleger. "Transformou-se numa presidente sitiada, vaiada por onde vai, e que está pagando o preço da sua incompetência e arrogância. O que se tem hoje é uma presidente decadente, que perdeu a dignidade de conduzir o país", afirmou o tucano.

VICE

Aécio vai anunciar o nome do seu vice na segunda-feira (30), em Brasília, numa cerimônia na sede do PSDB com a presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O tucano disse que ainda negocia com partidos aliados quem ocupará a vaga, sem descartar a possibilidade de uma chapa puro-sangue, com um nome do PSDB.

Aécio se reuniu na noite de ontem com o ex-governador José Serra (SP). Em conversas com interlocutores, disse que o considera um nome certo para se eleger ao Senado, sinalizando que o tucano não deve ocupar sua chapa como vice.

O tucano disse estar "surpreso" com a quantidade de apoios em torno de sua candidatura, cenário que ele considerava muito pior quando decidiu lançar seu nome ao Palácio do Planalto.

Aécio considera ter apoios "estratégicos" em Estados como o Rio de Janeiro e parte do Nordeste, com palanques sólidos inclusive no Ceará —onde o tucano Tasso Jereissati negocia a indicação ao Senado na chapa do pré-candidato ao governo, Eunício Oliveira (PMDB-CE).

"Não tenho nada para oferecer, mas estamos construindo palanques muito mais consistentes. O quadro de alianças está muito melhor do que esperava."

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