De mau gosto, filme do PT apela até pra choro de criancinha


Julia Duailibi - Estadao.com.br


O filmete de 1 minuto da propaganda partidária do PT, que foi ao ar hoje (ontem), é apelativo, além de passar um recibão para a oposição. Demonstra que a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, e o marqueteiro João Santana sentiram os golpes das pesquisas eleitorais recentes, que não só mostram queda na intenção de voto da presidente, como um desejo de mudança por parte do eleitorado – que por enquanto não aponta Dilma como a candidata capaz de promover essas mudanças.

O slogan “O Brasil não quer voltar atrás”, usado no filme, é velho e mira o passado. Em nada lembra a campanha de Dilma de 2010, quando o PT usou um slogan solar, o “Para o Brasil Seguir Mudando”. Apontava para frente. Agora, Santana mostra o retrovisor.

A propaganda escancara a estratégia de Dilma dessa eleição: colar em Aécio Neves (PSDB), em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que deixou o Palácio do Planalto com baixa aprovação. “Não podemos deixar que os fantasmas do passado voltem e levem tudo que conseguimos. O nosso emprego de hoje não pode voltar a ser o desemprego de ontem. Não podemos dar ouvidos a falsas promessas”, diz o locutor. Essa última frase também serve para falar do presidenciável do PSB, Eduardo Campos.


Tudo bem que o partido tem que dar alguma resposta. Não dá para ficar impassível diante do crescimento do adversário. Mas o filme não lembra as recentes produções de João Santana. É pesado, de mau gosto, com uma fotografia soturna e uma locução lúgubre. Tem até criancinha chorando. Isso sem contar em detalhes técnicos, como a maquiagem dos atores, que salta aos olhos do espectador.

Na quinta-feira, o PT vem com o seu programa nacional de dez minutos. O filme de hoje mostra que, em alguma medida, a campanha de Dilma insistirá no discurso da volta ao passado. O PT espera que a veiculação da propaganda, aliada a outras ações, como o pronunciamento de Dilma em cadeia nacional para falar do 1º de Maio, ajudem a estancar a tendência de queda nas pesquisas.

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