PT não vai expulsar deputado suspeito de sociedade com doleiro preso


Marina Dias e Gustavo Uribe - Folha.com

Em uma tentativa de tranquilizar o deputado André Vargas (PT-PR), acusado de ter ligações com o doleiro Alberto Youssef, lideranças do PT reuniram-se anteontem com o parlamentar para informá-lo de que, por enquanto, não há risco dele ser expulso do partido.

Eles também o orientaram a se concentrar na elaboração de sua defesa no Conselho de Ética da Câmara, que instaurou processo disciplinar contra ele na quarta-feira. Os encontros ocorreram anteontem em um restaurante, em um bairro nobre da capital paulista.

O secretário nacional de Organização do PT, Florisvaldo Souza, foi uma das lideranças que se reuniram com o petista. A conversa informal ocorreu horas depois do encontro da Executiva Nacional do PT, que definiu o petista como um dos membros de uma comissão que ouvirá André Vargas na segunda-feira antes de instaurar uma comissão de ética para avaliar as denúncias.

Segundo a Folha apurou, o dirigente petista disse a Vargas que ele deve ser advertido ou, no máximo, suspenso por algum período por decisão da comissão de ética do PT, mas não será expulso. Souza deixou claro, no entanto, que, se houver novas denúncias, o partido terá que reavaliar o cenário.

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Deputado André Vargas (dir.) e o secretário de Organização do PT, Florisvaldo Souza, em restaurante

Souza informou ainda a intenção da comissão nomeada pela executiva do partido em ouvi-lo. O encontro do grupo com o deputado federal seria realizado ontem, mas foi adiado para segunda-feira em uma tentativa de dar tempo ao petista para preparar sua defesa.

Oficialmente, apesar do encontro entre Souza e Vargas, a comissão informou que a oitiva não ocorreu porque o parlamentar não foi encontrado. Souza é paranaense como Vargas e amigo de longa data do deputado federal.

DEFESA

Horas após conversar com Souza, o deputado se encontrou no mesmo restaurante com o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), com quem discutiu a defesa que irá apresentar à Comissão de Ética da Câmara dos Deputados.

O objetivo do deputado é preparar uma espécie de memorial de defesa, no qual tentará rebater, ponto a ponto, cada denúncia contra ele.

Segundo relatos de petistas, Vargas está preocupado e reconhece que foi imprudente ao ter pego carona no jato fretado pelo doleiro.

Diálogos entre Vargas e Youssef indicam que ambos teriam se associado para obter contrato de R$ 31 milhões com o Ministério da Saúde em favor da Labogen, um laboratório de pequeno porte

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