Aécio ‘escala’ Armínio Fraga como ‘ministro’ e agrada empresários


Vera Magalhães - Painel da Folha

Alckmin,FHC e Aécio durante jantar na noite desta segunda-feira 
(Foto: Vera Magalhães/Folhapress)

Em jantar na noite desta segunda-feira com parcela significativa do PIB nacional, o senador e presidenciável tucano Aécio Neves (PSDB-MG) “escalou” o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga como seu ministro da Fazenda caso seja eleito e disse que vai, durante a campanha, deixar claro com quem pretende governar para o eleitorado.

“Quero fazer aqui algo que não é comum na jornada política brasileira: deixar claro quem são os companheiros que vão me acompanhar nessa eventual travessia, quem estará nas funções mais estratégicas. Conto com o time que está aqui para dar ao mercado a sensação de confiança”, afirmou.

Aécio foi o convidado de jantar promovido na casa do empresário João Doria Jr., do Lide (Grupo de Líderes Empresariais), que já tinha reunido mais de 500 pessoas no mesmo dia em almoço com o mineiro como convidado.

A palavra “confiança” foi a mais repetida pelos empresários e pelo próprio convidado. A deferência feita a Fraga foi uma clara tentativa do tucano de se contrapor às queixas do setor à condução da economia e ao atual ministro de Dilma, Guido Mantega.

No evento noturno, o clima era mais intimista que no almoço. Cerca de 100 convidados se dividiram em mesas na casa do anfitrião no Jardim Europa, capital paulista.

Aécio estava acompanhado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e dos governadores Geraldo Alckmin, de São Paulo, e Antonio Anastasia, de Minas. Os três discursaram em defesa da candidatura do mineiro.

Mas foi Fraga, principal consultor de Aécio na área econômica, que permaneceu a seu lado durante toda a parte “política” do jantar e se revezou com o candidato na resposta a perguntas de expoentes do PIB. Disse estar pronto a colaborar com o mineiro, mesmo depois de praticamente ser nomeado ministro por ele.

Os convidados escalados para falar externaram o mau humor com o governo Dilma Rousseff ao dizer que o Brasil vive um déficit de competitividade na economia. Vários deles falaram em “esgotamento de um ciclo” político de governos do PT.

O mais incisivo foi justamente um empresário que colaborou com o governo da presidente: por duas vezes, Jorge Gerdau Johannpeter tratou Aécio por “presidente”. Também enalteceu seu governo em Minas. “O modelo de crescimento atual está esgotado”, vaticinou, sob aplausos.

Aécio repetiu, de forma mais concisa, o discurso que fizera no almoço. Louvou o governo FHC, que classificou como “reformador”, e prometeu retomar o caminho das mudanças estruturais nos primeiros meses de governo, caso vença. Elogiou Alckmin e disse que pretende pegar “carona” em sua popularidade em São Paulo, numa menção bem-humorada à cobrança para que o paulista se engaje na campanha.

O governador de São Paulo, em sua fala, chamou Aécio de “o mais paulista dos mineiros” e elogiou sua capacidade de fazer política de forma “não-apocalíptica”, comparando-o a são Lucas, “o mais amoroso dos evangelistas”.

Outro dos convidados a engrossar as críticas ao governo federal foi André Esteves, CEO do banco BTG Pactual, que repetiu que o país “esgotou a capacidade de crescer pelo consumo e precisa de investimentos, e investimento precisa de confiança”. Disse que o atual governo “teoricamente deveria ser marcado pela produtividade”.

O ex-presidente da Fiesp Horário Lafer Piva subiu ainda mais o tom ao perguntar ao tucano o que ele pretendia fazer para convencer o eleitorado que ganha “pequenas esmolas” do governo a votar nele.

Aécio, que já criticara a tentativa do PT de “dividir o país em nós contra eles” repetiu que vai manter os programas de transferência de renda, mas defendeu a meritocracia e que o governo “não muda a vida das pessoas”. “É preciso que esse atual ciclo se encerre, senão os mais pobres serão os primeiros a perder”, disse.

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