Empresários já se preocupam com eventual segundo mandato de Dilma


Setor produtivo se preocupa com time econômico


Diante do favoritismo da presidente Dilma Rousseff nas eleições deste ano, empresários já se preocupam com a equipe de ministros de um eventual segundo mandato. A avaliação de líderes do setor produtivo, ouvidos pela Folha na condição de anonimato, é que a presidente terá muita dificuldade para "atrair talentos".

"Ninguém quer trabalhar com a presidente sem ter autonomia e ter que se sujeitar aos pitos que ela dá", disse o dirigente de uma grande indústria.

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Essa percepção aumentou depois que Dilma não conseguiu atrair um nome de peso para substituir Fernando Pimentel no Ministério do Desenvolvimento. Josué Gomes da Silva, da Coteminas, e Abílio Diniz, da BRF, foram sondados, mas recuaram.

Sem opções, Dilma recorreu a Mauro Borges, que presidia a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Borges é elogiado pela capacidade técnica, mas não é quem a presidente procurava para fazer a ponte com o setor produtivo.

A principal preocupação do setor é com a equipe econômica de um eventual segundo mandato, já que a saída do ministro Guido Mantega (Fazenda) é dada como certa. Os nomes que estão na cabeça dos empresários hoje são Nelson Barbosa, ex-secretário-executivo da pasta, e Henrique Meirelles, ex-presidente do BC. Mas assessores do Planalto comentam que Dilma e Meirelles não têm um bom relacionamento.

A reportagem conversou nas últimas semanas com banqueiros de peso, donos de indústrias, empreiteiros e líderes do agronegócio. A maior parte teme que Dilma se afaste do ex-presidente Lula, da classe política e aumente a dose de intervencionismo na economia.

"Esse governo é uma indústria de frustrações, porque não consegue entregar as metas de PIB e inflação que promete", disse um empresário. "O que existe no setor privado é desencanto com o governo e uma certa frustração com a oposição, que não decola", afirmou um líder do setor agrícola.

Mas a percepção ruim do governo Dilma não é unânime entre os empresários.

Parte dos banqueiros e empresários ligados ao setor de concessões acham que a presidente está tentando uma aproximação com o setor produtivo.

Segundo alguns representantes das empreiteiras, o setor está satisfeito com os novos rumos do governo, depois dos ajustes feitos nas regras das concessões.


RAQUEL LANDIM, DAVID FRIEDLANDER, VALDO CRUZ E ANDRÉIA SADI - Folha.com

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