Alexandre Padilha: Coadjuvante da própria campanha



Desconhecido do eleitorado de São Paulo e despreparado – ele sequer conhece o nome da sede do governo paulista (chamou o Palácio dos Bandeirantes de Palácio do Morumbi), Alexandre Padilha, o pior ministro da Saúde que o Brasil já teve, fez seu debut como pré-candidato este final de semana na região de Ribeirão Preto.

Sem conhecimento e propostas para o Estado, Padilha tornou-se coadjuvante de sua própria campanha. Coube ao ex-presidente Lula, seu padrinho político, o papel de protagonista durante passagem da caravana petista pelo interior paulista.

Ao discursar neste sábado Lula ficou dividido entre o cenário local e a disputa nacional. Em meio aos desdobramentos com o maior escândalo de corrupção do País – ontem o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha renunciou, direto da prisão, o seu mandato -, Lula inverteu os papéis. Resolveu julgar quem condenou os mensaleiros. Fez uma série de críticas dirigidas aos ministros Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). “O grande papel de um ministro de uma Suprema Corte é falar nos autos do processo, e não ficar falando na televisão o que ele pensa. Se quer fazer política, entre para um partido e seja candidato”, disse.

Mais uma vez Lula vitimizou o PT. “Esse partido é um partido que está sofrendo. Tem uma perseguição contra ele”, afirmou. Nós temos companheiros presos e nós somos solidários a esses companheiros e queremos que haja apenas Justiça.”

Sobre o PSDB, principal adversário em São Paulo, Lula adotou a velha e conhecida arrogância: “Acho que vão ter uma surpresa desagradável.”

Em tom deselegante, prosseguiu: “Os tucanos não brincam em serviço porque ninguém tem bico daquele tamanho à toa. Aquele bico bonito do tucano é o bico do bicho predador, é comedor de filhotinho.”

Em postura de ator coadjuvante, Padilha preferiu atacar o governo do PSDB de São Paulo. Sem nenhuma bandeira sólida, disse que a caravana é para levantar as propostas e mostrou um certo constrangimento de representar o PT. Ele ainda atribuiu ao Estado a responsabilidade pela falta de água em municípios paulistas e voltou sua bateria contra o governador Geraldo Alckmin. Mas não apresentou sequer uma proposta concreta, limitando-se a fazer críticas genéricas.

Na sexta à noite, Lula e Padilha se reuniram com empresários do interior paulista. Um dos presentes foi Maurílio Biagio Filho, do setor sucroalcooleiro. Ele é um dos cotados para vice de Padilha. No encontro de ontem, uma faixa apresentada por militantes do PT deixava claro quanto o partido mudou. “Usineiro vice, não”, lia-se no cartaz.

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