Vereadores pediram R$ 5 milhões à quadrilha

 
Pedido teria sido feito por Donato e Aurélio Miguel para arquivar CPI do IPTU em SP

Artur Rodrigues, Bruno Ribeiro e Fabio Leite - O Estado de S.Paulo

Vereador Antonio Donato (PT)

Os vereadores Antonio Donato (PT) e Aurélio Miguel (PR) pediram R$ 5 milhões ao auditor fiscal Ronilson Bezerra Rodrigues para que a CPI do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) na Câmara Municipal de São Paulo fosse arquivada, diz uma testemunha protegida em depoimento ao Ministério Público Estadual (MPE). Os parlamentares eram, respectivamente, relator e presidente da comissão, criada em 2009 para investigar supostas falhas na arrecadação do imposto na gestão Gilberto Kassab (PSD). Ambos negam as acusações.

Segundo a testemunha, que não apresentou provas, Donato tinha "íntima relação" com Ronilson, apontado como chefe da máfia do Imposto Sobre Serviços (ISS). Ela afirma ter ouvido do fiscal que o petista comparecia à sua residência "para tomarem cerveja juntos e também para retirar dinheiro", que tinha como origem a cobrança de propina feita pela quadrilha, acusada de desviar até R$ 500 milhões da Prefeitura com sonegação do imposto. À época, Ronilson era o subsecretário da Receita Municipal, chefe da arrecadação na cidade.

No depoimento, tomado pelo MPE no dia 19 de dezembro, a testemunha diz que "no curso da CPI Donato e Aurélio Miguel chamaram Ronilson para uma conversa e disseram que queriam R$ 5 milhões para que a CPI fosse arquivada". Ela afirmou desconhecer quando o fato teria ocorrido, mas que "Ronilson dizia que pagando em porcentagens durante longo período tinha convicção de que havia dado mais que os R$ 5 milhões tratados inicialmente".

Ontem, também em depoimento ao MPE, o auditor Eduardo Horle Barcellos, acusado de integrar a quadrilha, disse que Ronilson deu dinheiro para Aurélio Miguel para que não fosse instalada uma CPI do ISS na Câmara Municipal. Tanto Ronilson quanto Barcellos prestaram depoimento à CPI do IPTU, mas não sofreram nenhuma acusação no relatório final.

Foi Barcellos quem disse em novembro de 20130 ao MPE que pagou mesada de R$ 20 mil a Donato entre dezembro de 2011 e setembro de 2012 para a campanha eleitoral do petista. A denúncia ocorreu no mesmo dia em que Donato pediu demissão do cargo de secretário de Governo do prefeito Fernando Haddad (PT). Segundo o fiscal, Donato recompensou a quadrilha com cargos na gestão Haddad. Ronilson foi indicado para ser diretor financeiro da São Paulo Transportes (SPTrans) e Barcellos, nomeado no gabinete de Donato. Ele nega.

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