"Medida Paliativa", artigo de Andrea Matarazzo


A Prefeitura vai ampliar o rodízio de veículos para mais 371 quilômetros – 400 vias -, a partir de abril. Os principais alvos são as grandes artérias que ligam os bairros e fazem a conexão com o Centro.

A restrição deverá valer em importantes avenidas como Radial Leste, Francisco Morato, Brás Leme, Aricanduva, Inajar de Souza, Jornalista Roberto Marinho e áreas periféricas. De acordo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a velocidade média nos horário de pico da manhã deverá melhorar 8,5%, subindo dos atuais 18,9 km/h para 20,5 km/h. Confesso que sempre tenho dúvidas sobre estes números.

Os efeitos do plano, porém, são temporários. O secretário de Transportes, Jilmar Tatto, admite que se trata de “medida paliativa”, cujos efeitos serão anulados com o passar do tempo. Até o próprio prefeito Fernando Haddad disse que não está apostando nessa providência para a solução do trânsito. Ao menos é uma tentativa.

As autoridades paulistanas pretendem promover uma mudança de comportamento, obrigando o motorista a deixar seu carro em casa. A Prefeitura quer tirar os carros das ruas, mas o governo federal, que é do mesmo partido político, trabalha em sentido contrário e incentiva a compra de automóveis, com baixas taxas de juros e isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). São Paulo tem mais 7,5 milhões de veículos e a frota das capitais do Brasil praticamente dobrou na última década. A esta altura, demonizar o carro é punir o cidadão que, aproveitando os estímulos do governo, adquiriu um automóvel nos anos recentes. Por outro lado, disciplinar seu uso é importante, já que o espaço do viário é restrito.

Medidas mais eficientes e permanentes deveriam ser adotadas. Eu começaria por uma urgente melhoria na qualidade dos ônibus da rede pública, que deve ser moderna, confortável e eficiente, com rotas que atendam às necessidades do cidadão e não somente ao interesse das empresas. Não é o que temos hoje: ônibus com custo alemão para o município e com qualidade cubana para a população.

Artigo publicado em 16/01/2014 no jornal Diário de S.Paulo

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