Juiz ordena nova apuração sobre telefonema de Dirceu na prisão


Decisão aponta que suposto uso de celular não foi investigado por governo do DF

Análise de pedidos de benefícios feitos por ex-ministro está suspensa até investigação ser refeita na Papuda

MATHEUS LEITÃO - Folha.com

A Justiça determinou à Secretaria de Segurança do Distrito Federal e ao Complexo Penitenciário da Papuda que refaçam a investigação sobre suposto uso de telefone celular por José Dirceu (PT) no presídio. Até lá, estão suspensas as análises de benefícios pedidos pelo ex-ministro.

A apuração fora ordenada após James Correia, Secretário da Indústria da Bahia --Estado governado pelo PT--, dizer na semana passada ter conversado com o petista no último dia 6 pelo celular de um amigo em comum que visitava o ex-ministro. Dirceu está preso desde novembro no regime semiaberto.

Segundo a Vara de Execuções Penais (VEP), a Secretaria de Segurança --subordinada ao governador petista Agnelo Queiroz-- arquivou a investigação no dia 22 de janeiro sem obedecer a nenhuma das determinações feitas pelo juiz cinco dias antes.

A investigação concluiu que "tem o fato [uso do celular por Dirceu] por inverídico e arquiva o presente caso, salvo a ocorrência de fato novo que justifique novas diligências". A Justiça recebeu a conclusão com um relatório de inteligência do presídio e a cópia de uma nota oficial do governo da Bahia.

O juiz Mário José de Assis Pegado diz, em sua decisão, que a investigação não realizou "oitiva do interno, nem o atendimento de qualquer das diligências já determinadas [...], quando requisitada a instauração de inquérito".

Além de Dirceu, deveriam ser ouvidos na investigação, segundo o juiz, o servidor responsável pela vigilância dele no dia 6 e os responsáveis pelo ingresso de visitas.

Assis Pegado reafirma que estão suspensas análises de eventuais benefícios externos, como o pedido de trabalho fora do complexo feito por Dirceu, até a conclusão da investigação em 30 dias.

Procurada ontem à tarde, a Secretaria de Segurança do DF, não se manifestou até a conclusão desta edição.

Segundo a Lei de Execuções Penais, o uso de telefone em presídio "que permita comunicação com outros presos ou com o ambiente externo" é falta grave e pode causar suspensão ou restrição de direitos, isolamento na própria cela e inclusão no regime disciplinar diferenciado.

O advogado de Dirceu, José Luis Oliveira Lima, nega que o petista tenha usado celular na Papuda. Ontem, por meio nota, ele disse que a suspensão do pedido de trabalho de Dirceu "com base numa nota de jornal é totalmente descabida" e que irá recorrer ao STF.

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