"Queremos a Petrobras de volta!", por José Serra


Na sua origem, a Petrobras, que acabou de completar 60 anos, foi a grande razão de ser das batalhas nacional-desenvolvimentistas em nosso país. Mas "O petróleo é nosso" não era uma bandeira exclusiva das forças derrotadas no golpe de 1964. O regime militar a manteve e até abriu o caminho para o grande salto dado na década das crises mundiais do abastecimento de petróleo, em 1973 e em 1979, quando a empresa começou a se qualificar na exploração de águas profundas, tornada competitiva em razão dos elevadíssimos preços do produto.

Na Constituinte de 1988, com posição decisiva do então senador Jarbas Passarinho, longe de ser um esquerdista, manteve-se o monopólio da empresa, proibindo-se concessões para exploração pelo setor privado. No governo FHC, essa proibição foi revogada por emenda constitucional, e as concessões se multiplicaram, contribuindo até para a descoberta do Pré-Sal. Nem por isso a Petrobras se enfraqueceu. Pelo contrário.

Apesar da oposição que fez a essa abertura, o PT, quando no governo, a manteve e até elogiou, na boca de um ilustre militante que ocupou a presidência da empresa, José Eduardo Dutra. Mas, em seguida, começou a dar nós em pingo de petróleo, com investimentos desastrados em refinarias e a invenção de um novo método de exploração, chamado "de partilha", essencialmente malfeito, entre outras barbeiragens. É nesse contexto que entrou a manipulação política dos preços dos derivados de petróleo. Isso tudo sem mencionar o uso da empresa como braço do partido para negócios, fisiologia e propaganda.

O resultado? A Petrobrás vive a maior crise da sua história. O Brasil está longe da autossuficiência marota e erradamente anunciada por Lula, e o déficit comercial do petróleo castiga como nunca nosso balanço de pagamentos.

É o caso de começarmos uma nova campanha cívica nacional: "O PT tem de devolver a Petrobras ao povo brasileiro."

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