Oposição critica cortes promovidos por Haddad na pasta de Assistência Social para 2014



Vereadores aprovaram ontem, em primeira votação, orçamento de R$ 50,5 bilhões para 2014; governo alega aumento das verbas federais

Adriana Ferraz e Diego Zanchetta - O Estado de S.Paulo

A Câmara Municipal aprovou nessa quarta-feira, 4, em primeira votação, com 36 votos a favor, 10 contra e 2 abstenções, a proposta orçamentária de 2014. O texto, que ainda passará por segunda votação, prevê R$ 50,5 bilhões em receita - alta de 20% em relação a 2013 -, e uma redução total de 15% nos recursos destinados à área social.

A oposição já acusa a gestão Fernando Haddad (PT) de abandonar os investimentos na construção de novos albergues e no atendimento à população de rua, hoje protegida em barracas de lona ou mesmo de madeira. Os abrigos estão instalados em calçadas, pontos turísticos - como o vão livre do Masp - e até vias públicas.

Somados os recursos destinados à secretaria e ao Fundo Municipal da Assistência Social, a área receberá R$ 967 milhões em 2014. Antes de deixar o governo, o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), criticado por lideranças comunitárias e pelo PT por adotar uma política higienista em relação aos moradores de rua, deixou um orçamento de R$ 1,1 bilhão para este ano.

"É por isso que a cidade tem moradores por todos os cantos, sem assistência. As barracas se espalharam por lugares históricos da cidade, e essa população carente não tem nem onde comer", criticou Andrea Matarazzo (PSDB), ex-secretário de Coordenação das Subprefeituras na gestão Serra/Kassab.

"A verba dos convênios foi reduzida e nós tivemos fechadas 20% das vagas para crianças em abrigos. Hoje, São Paulo não tem política de assistência social nem para criança e adolescente nem para a população de rua", emendou Floriano Pesaro, líder do PSDB e ex-secretário municipal de Assistência.

A queda de verbas aprovada ontem na área social ocorre justamente no ano em que a Prefeitura prevê um recorde de R$ 8 bilhões em investimentos, com aporte inédito de esperados R$ 6 bilhões do governo federal. Para o governo, porém, a peça orçamentária não revela todo o investimento que terá o setor. Em 2014, a gestão espera incluir mais 100 mil pessoas no Bolsa Família - ao longo deste ano, o número de beneficiados passou de 228 mil para 338 mil.

A Prefeitura justifica que esses repasses federais não são registrados no orçamento. Com eles, os investimentos na área social vão aumentar no ano que vem em cerca de 7%.

A segunda votação do orçamento deve ocorrer na próxima terça-feira. Apesar da explicação, vereadores da oposição e até da base governista prometem emendas com a previsão de construir novos abrigos e albergues em 2014, como forma de suplementar a verba social.

Relator do orçamento, o vereador Paulo Fiorilo (PT) argumenta que o governo aumentou recursos para outras áreas. "Nós colocamos 64% a mais no Esportes, 65% a mais no Transportes, 13% a mais na Cultura. Apresentamos um orçamento com muito mais recursos", disse, referindo-se às somas dos orçamentos diretos das secretarias e dos fundos municipais relacionados. Sem contar esse extra, a queda só na área social seria de 42% (veja ao lado).

Subs. No caso das subprefeituras, o orçamento aprovado ontem mostra que a promessa feita por Haddad de descentralizar o governo não se sustenta do ponto de vista financeiro. Os repasses para as subprefeituras só aumentaram 2,5%, passando de R$ 1,75 bilhão para R$ 1,79 bilhão.

A previsão orçamentária para a área ambiental também decepcionou. A gestão Haddad reduziu para apenas R$ 4 milhões os recursos demarcados para a construção de novos parques - neste ano, a reserva de recursos foi de R$ 69 milhões. "Não vai dar para fazer nenhuma praça em 2014", criticou Gilberto Natalini (PV).

Comentários

  1. Aplicam, caros amigos, o popular "pão e circo". Enquanto o esporte, sem menosprezar a necessidade, recebe 64% a mais, a Assistência social???. Será que é assim mesmo? Estamos concluindo que esta classe necessitada não é, realmente, a prioridade do prefeito e de sua turma, que prefere que morram, dando assim menos trabalho. Outra coisa importante, embora seja significativo, neste contexto, saber de que lado estão os edís, acho imprescindível citar nominalmente os vereadores que contestaram estes deslizes absurdos do orçamento, para que o povo saiba em quem pode confiar para defender os seus interesses, nesta Câmara que sempre joga o jogo do poder ao invés do jogo do povo que os elegeu.

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