Após um ano de gestão Haddad, São Paulo tem sinais de abandono


SABINE RIGHETTI, FABRICIO LOBEL e MOACYR LOPES JUNIOR - Folha.com

Em uma esquina de Perdizes, entre o estádio do Pacaembu e o elevado Costa e Silva, o paulistano tem todos os motivos para estar perdido. Três das quatro placas que indicam o nome das ruas estão retorcidas, quebradas ou com nomes trocados.

"É normal que o povo se perca por aqui", diz Alexandre Gomes, 33, sócio de uma farmácia da esquina.

O comerciante afirma que as chapas de metal foram danificadas por torcedores de futebol que saíam de um jogo. "Ninguém vem arrumar. Do jeito que está aí, a placa já fez até aniversário", diz.

No cruzamento da avenida Tancredo Neves com a Vergueiro, na zona sul, o aniversário já é de quase três anos. Desde uma batida de carro no começo de 2011, um poste com o nome das ruas também espera manutenção.

A situação das placas não é um problema isolado. Basta uma volta rápida por um bairro para chegar-se à conclusão: a cidade demonstra que está malcuidada.

A Folha percorreu São Paulo para fazer uma avaliação da zeladoria no primeiro ano da gestão Haddad. Além dos problemas das placas, encontrou lixo pelas ruas e calçadas e praças sujas, pichadas e com mato alto e falta iluminação pública.

"Não faço uma avaliação nada positiva da gestão", diz Euler Sandeville, professor de arquitetura e urbanismo da Universidade de São Paulo.

Para ele, um dos pontos nevrálgicos da gestão é justamente a falta participação na administração da cidade.
banco da praça

Uma das principais reclamações do paulistano é a falta de espaços públicos de recreação, como praças –um dos assuntos da campanha de Haddad em 2012.

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
Placa torta entre a rua Vergueiro e a avenida Tancredo Neves no dia 25/9 (à esq.) permanecia tombada no último dia 13 (à dir.)

São Paulo conta com cerca de 5.000 praças. O número não aumentou na nova gestão. O problema, diz a prefeitura, é que a criação de praças depende do Legislativo.

Das praças que existem, muitas têm mato alto, pichação, lixo e moradores de rua –caso da praça Marechal Cordeiro de Farias, que fica no final da avenida Paulista.

A prefeitura diz que faz manutenção das praças semanalmente e que há 300 obras em praças e parques de SP. Já a varrição da cidade custa R$ 70 milhões ao mês.

"São Paulo tem problemas crônicos de zeladoria. É talvez um dos maiores problemas da cidade", avalia Valter Caldana, diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie.

Outro enrosco da cidade é a iluminação pública. Quando Haddad assumiu a pasta, havia uma estimativa de 18 mil pontos na cidade com pouca ou nenhuma luz.

Hoje, a prefeitura não sabe precisar quantas ainda permanecem no escuro, mas afirma que R$ 116 milhões já foram gastos em ampliações e remodelações da rede.

A Secretaria de Coordenação de Subprefeituras disse que consertará as placas indicadas pela Folha.

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