A oposição e Dilma


O PSDB se uniu, com a definitiva desistência da José Serra de disputar a Presidência e o seu incontinente apoio a Aécio Neves. Fortaleceu, deste modo, a oposição dificultando o PT em São Paulo, estado chave para definir o pleito presidencial. Se Aécio ganhar em SP e em Minas, onde parece certo, terá em suas mãos os dois principais colégios eleitorais do País, e ainda encontrará o Rio de Janeiro esfacelado, o que é mais do que dividido. Some-se a este cenário o avanço de Eduardo Campos no Nordeste, com o seu PSB e com votação em outros estados e teremos, então, um quadro de dificuldades para o projeto do PT de reeleger Dilma Rousseff, que está bem nas pesquisas mas não recuperou, ainda, a popularidade de que dispunha antes das manifestações de rua do último mês de junho. 

Para completar o quadro, Aécio imagina lançar o senador paulista Aloysio Nunes Ferreira como candidato a vice, ou outro nome da mesma importância em São Paulo, enquanto Geraldo Alckmin está praticamente fechado no apoio a Neves. O atual governador é favoritíssimo à reeleição, enquanto Padilha, lançado por Lula para o governo paulista, continua patinando com dificuldades de melhorar sua posição eleitoral. Embora muito cedo, levando-se em conta que o pleito será em outubro do próximo ano, há de se considerar como muito importantes os últimos movimentos realizados neste eixo Minas-São Paulo. O que na verdade Aécio pretende com um vice paulista é ressuscitar a política café com leite, com o somatório de forças dos dois estados. 

Depois de confirmadas as chapas com a desistência de Serra para unir o PSDB e da aliança do PSB de Eduardo Campos com o Rede da Sustentabilidade de Marina Silva, os espaços pouco a pouco estão sendo preenchidos, como acontece nestes dias aqui em Salvador, com a festa do PSB para o lançamento da dobradinha Lídice da Mata para o governo e Eliana Calmon para o Senado. É uma dobradinha que, presume-se, nasce forte pelo conceito da senadora e da ministra. Assim, as chapas vão, pouco a pouco, tomando forma. Dilma Rousseff ainda não decidiu o seu vice, mas, bem provavelmente, continuará Michel Temer pelo grande peso eleitoral que representa o PMDB. O partido, aqui na Bahia, abre uma dissidência com o presidente regional do partido, Geddel Vieira Lima, no páreo como pré-candidato oposicionista ao governo. Aguarda tão somente que o DEM se defina, o que somente acontecerá nas águas de março, após o Carnaval. 

A oposição (Aécio e Campos) que tem conversado e muito, como se observa, deverão dividir as suas campanhas eleitorais realizando críticas ao governo Dilma, tocando especialmente em temas como as dificuldades da economia brasileira, que dificulta atrair investidores para o País; a queda das exportações; a inflação que corroi o salário dos trabalhadores; os erros do PAC; os gastos despropositados e, ainda, a corrupção, sobretudo após as condenações aos mensaleiros pelo Supremo Tribunal Federal. Tudo isso leva a crer que termos uma campanha muito animada e diferente da anterior. O mesmo deve ocorrer aqui na Bahia. 

Ademais, Aécio Neves e Eduardo Campos estabeleceram um pacto de um apoiar o outro a depender de quem fique para o segundo turno, levando em consideração (nos cálculos dos partidos de ambos) que a presidente passará no primeiro turno em primeiro lugar e enfrentará dificuldades no segundo. São ilações, tanto em relação aos projetos de campanha eleitoral como a questão do primeiro e segundo turnos.

*Coluna de Samuel Celestino publicada no jornal A Tarde, da Bahia desta quinta-feira (19)

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