Sócio do hotel que contratou José Dirceu tem concessões do governo federal


A possível contratação do ex-ministro José Dirceu, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento no escândalo do mensalão, para uma vaga de gerente administrativo no Hotel Saint Peter, no centro da capital federal, pode ganhar contornos mais obscuros.

Isso porque, segundo reportagem publicada nesta quarta-feira (27) no jornal O Globo, um dos donos do hotel tem interesses diretos no governo federal.

De acordo com a publicação, Paulo Masci de Abreu, sócio do empreendimento, é irmão do presidente do PTN, legenda que integra a base aliada da presidente Dilma Rousseff. Ambos têm participação em emissoras de rádio em São Paulo, inclusive com processos de concessão de outorga tramitando no Ministério das Comunicações.

O texto revela ainda que suspeitas levaram o Ministério Público Federal de São Paulo a instaurar um inquérito civil para investigar o grupo de comunicação de Paulo Masci pela suposta concessão de outorgas em duplicidade. O processo foi aberto em abril de 2012.

Para o deputado federal Domingos Sávio (PSDB-MG), a contratação de José Dirceu para um cargo no hotel, com um salário de R$ 20 mil, merece uma análise elementar:

“A experiência do Dirceu é notória no campo político, e na habilidade de promover tráfico de influência. A grande pergunta é se a rede hoteleira o contratou por isso”, diz.

“Não tem o menor sentido uma empresa contratar um presidiário por um preço bem acima do mercado, principalmente quando esse presidiário não tem no seu currículo nenhuma história ou experiência que o indique para o cargo”, considera.

“É como se um indivíduo fosse preso por fraudar a bolsa de valores e, ao cumprir pena em regime aberto, uma corretora de valores o contratasse para continuar a usar a sua experiência”, compara.

O parlamentar avalia que as motivações para a contratação do ex-ministro pela rede hoteleira devem ser bem apuradas.

“Essa contratação deve estar sobre investigação para dar, no mínimo, duas respostas. Ou comprovar que a empresa tem outros interesses, por isso está pagando R$ 20 mil, ou essa empresa vai se tornar notória no mundo inteiro, e virar exemplo porque descobriu uma fórmula mágica de ganhar dinheiro fora dos parâmetros normais”, ironiza.

E completa: “No final, quem vai pagar o salário desse presidiário é o dinheiro do povo. Se valendo do trânsito que tem, tratado como herói pelos petistas, [Dirceu] poderá seguramente criar benefícios dentro das esferas públicas para o seu patrão. Isso é uma vergonha para o nosso país”.

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