Líder tucano diz que Cardozo persegue partido


LETÍCIA SORG - Agência Estado

O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Carlos Sampaio (SP), disse ontem que vai requerer uma audiência pública na Comissão de Fiscalização e Controle para esclarecer a participação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e do presidente do Cade, Vinícius Carvalho, no envio à Polícia Federal de um documento contendo denúncias contra tucanos. Secretários do governo de São Paulo são acusados de ligação com esquema de cartel das licitações de metrô e trens em São Paulo.

Nota oficial do Ministério da Justiça diz que Cardozo foi o responsável pelo envio d o material, recebido das mãos do deputado estadual licenciado Simão Pedro (PT), atual secretário de Serviços da Prefeitura de São Paulo. A informação contradiz memorando anterior de um delegado da Polícia Federal, segundo o qual o relatório elaborado pelo ex-diretor da Siemens havia sido entregue pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão que investiga denúncias de formação de cartel em São Paulo e no Distrito Federal.

Em texto publicado no site do PSDB paulista, Sampaio critica a participação do ministro no episódio e a classificou como "inaceitável". "Ao admitir que encaminhou o documento à Polícia Federal, o ministro demonstra claramente que integrou essa trama vergonhosa e sórdida com o uso de órgãos do governo federal para perseguir e atacar adversários políticos", afirmou, no site tucano. "Há em curso uma ação ordenada que, para mim, tem dois objetivos claros: minimizar o impacto da prisão dos mensaleiros e jogar gasolina na fogueira contra o PSDB em São Paulo."

O deputado diz que Cardozo foi o destinatário da denúncia - que Sampaio qualifica como "forjada" - porque o ex-diretor da Siemens Everton Reinheimer pediu um emprego na Vale. "Nem o Cade, a Polícia Federal ou Ministério Público teriam condições de fazer essa indicação (para o cargo). Isso leva a crer que o denunciante foi até ao ministro porque sabia que, para ser atendido, teria de procurar o partido ou alguém do governo", disse.

Cardozo afirma que repassou o documento à PF "no estrito cumprimento do dever legal, para as devidas investigações". Tanto a PF quanto o Cade são submetidas ao ministério.

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