Veto à emenda do Mais Médicos mostra falta de compromisso do PT com a palavra, criticam tucanos


Deputados do PSDB voltaram a criticar o veto da presidente Dilma à emenda do partido à MP que criou o programa Mais Médicos. A proposta estabelecia carreira específica para os profissionais do programa, por meio de concurso público, oferecendo a eles progressão, e assegurando que os benefícios do programa fossem garantidos à população por longo prazo. Os tucanos condenaram a quebra de acordo por parte do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que garantiu a aprovação da emenda.

“A palavra é determinante para o cumprimento dos acordos e o funcionamento do Poder Legislativo. Isso demonstra a falta de compromisso do governo do PT com a palavra”, apontou o deputado César Colnago (ES) nesta quinta-feira (24).

O parlamentar destacou a importância da carreira para os profissionais. “A carreira é fundamental para dar segurança e estabilidade aos médicos para que eles tenham a possibilidade de ter bem-estar no interior. Com o tempo, o programa não vai ter o efeito que o governo está dizendo que terá”, ponderou.

“A palavra do ministro Padilha não vale um dólar furado desde ontem. Fez um acordo com o PSDB em torno da carreira médica e Dilma vetou! Não sou moleque, colaborei e introduzimos avanços no Mais Médicos, mas a marca de Dilma e Padilha é golpe e mentira. O ministro deveria renunciar”, protestou Marcus Pestana (MG), no Twitter.

Em nota, o deputado Eduardo Barbosa (MG) afirmou que Dilma ignorou a vontade do Congresso Nacional ao vetar a emenda. “Com essa atitude, o governo demonstra que não tem palavra, pois não cumpriu o acordo feito durante a aprovação da MP 621 para manter a carreira de Estado no texto”, disse.

De acordo com o tucano, o Executivo reforça a precarização dos médicos de todo o país. “O governo não quer uma proposta estruturante para resolver a questão do atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e sim aparelhar o Estado, por isso não sancionou a proposta de carreira”, declarou. “Criar a carreira médica é relevante e urgente, mas o governo demonstrou, mais uma vez, descaso em relação à saúde pública brasileira”, completou.

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), criticou o não cumprimento do acordo. Conforme destacou, a proposta de modificação foi objeto de ampla negociação no Congresso Nacional. “A emenda era um instrumento absolutamente necessário para que a médio e longo prazo tenhamos médicos em todo o Brasil. Temos hoje juízes e promotores de justiça nas mais variadas regiões do país, porque existe uma carreira que estimula aquele servidor a estar lá”, ponderou.

Para Aécio, o veto é contraditório. “A presidente faz um agravo grave aos médicos brasileiros, ao negar-lhes a construção definitiva de uma carreira com crescimento sustentado”, ressaltou. “Tivemos uma enorme oportunidade de construir no campo da saúde uma medida que atenderia à população mais carente do Brasil”, acrescentou.

(Reportagem: Alessandra Galvão com informações da assessoria de Imprensa do senador Aécio Neves/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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