Para Serra, tripé da estabilidade é mal utilizado pelo governo


O ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB), criticou nesta quinta-feira (17) a forma como o governo conduz o chamado tripé da estabilidade, que se baseia nas metas de inflação, na responsabilidade fiscal e na política monetária. Segundo ele, o modelo existe desde a década de 90 e pode funcionar de forma positiva. Mas o governo o conduz mal.

“[O tripé da estabilidade] é uma coisa consagrada desde os anos 90. É uma batalha permanente trabalhar bem com esse tripé. Você pode trabalhar bem ou mal com esse tripé. O governo vem trabalhando mal, embora formalmente o adote”, disse Serra.

O ex-governador fez uma palestra de quase uma hora no 16º Congresso Brasiliense de Direito Constitucional, promovido pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). Em seguida, concedeu entrevista coletiva.

Pouco estudo – Serra ressaltou que a recomendação da presidente Dilma Rousseff para que seus adversários estudem, se quiserem chegar à Presidência da República, não foi seguida por ela e sua equipe. “Apesar da presidente Dilma reivindicar que os candidatos estudem, aparentemente ela e sua equipe não estudaram muito antes e não aprenderam depois”, reiterou.

Segundo o tucano, o governo conseguiu uma combinação de fatores negativa e desfavorável ao país. “Economia com o crescimento lento, inflação para os padrões do mundo de hoje elevada e reprimida, e taxa de juros maiores do mundo. É uma combinação de quem não estudou direito e não aprendeu direito”, destacou.

Manifestações – O ex-governador defendeu que os protestos sejam analisados para observar suas consequências e efeitos. Para ele, os impactos iniciais provocados pelas cobranças que vêm das ruas é o aumento de despesas gerado no Congresso Nacional.

“Os movimentos de rua alimentaram as pressões gastadoras do Congresso, quero apenas compreender esse processo”, observou. “É indiscutível que a movimentação de rua estimulou o Congresso sua pretensão gastadora. [Mas] ninguém sabe claramente qual foi a influência, qual é a consequência a média e longo prazo.”

Colonização chinesa – A possibilidade de uma empresa estatal da China vencer o leilão de concessão da área de Libra foi duramente condenada pelo ex-governador paulista. Para Serra, a vitória da empresa da China pode levar o Brasil a se tornar uma espécie de “neocolônia chinesa”. “Sinceramente preferia que ficasse com a estatal brasileira. Mas acho que deveriam ter mantido o modelo de concessões”, disse. “Quem diria que o Brasil um dia caminharia para ser neocolônia da China.”

Em seguida, acrescentou: “Há cinco anos o petróleo não cresce, o déficit em crise e a Petrobras não cresce. Uma situação crítica. Agora a concessão do maior campo de petróleo é muito esquisita e contra os interesses nacionais. Eu acho absurdo que uma empresa estatal chinesa seja dona de um campo nacional brasileira”.

Do PSDB Nacional

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