Alckmin projeta gasto recorde para obras em 2014


Paulo Gama - Folha.com

Com dificuldades para aplicar recursos em infraestrutura nos dois primeiros anos da atual gestão, o governo de São Paulo corre contra o atraso e projeta turbinar os investimentos até 2014, ano em que Geraldo Alckmin (PSDB) tentará se reeleger.

Os gastos com obras caíram por dois anos consecutivos em São Paulo. Em 2012, bateram a pior marca dos últimos cinco anos.

Márcia Ribeiro/Folhapress 
O governador Geraldo Alckmin participa de evento em Serrana (SP)


Para compensar o baixo desempenho, o governo projeta investir dois terços a mais na segunda metade do mandato, para, ao final da gestão, alcançar a marca de R$ 80 bilhões que havia prometido, incluindo os investimentos das empresas públicas.

Só para o ano que vem estão reservados R$ 26 bilhões.

Editoria de Arte/Folhapress


"Nos primeiros anos, não conseguimos chegar no potencial que o Estado tem. Mas o ritmo vem acelerando, acho que a gente fecha isso", afirma o secretário da Fazenda paulista, Andrea Calabi.

Em 2013, o índice de execução segue aquém do esperado: apenas 24% do planejado saiu do papel no primeiro semestre. O número, no entanto, já é maior que do ano passado, quando 18% foram executados no período.

No início do mandato, o governador enfrentou dificuldades para viabilizar vitrines, como a linha 5 do Metrô, que teve a licitação contestada por suspeita de fraude.

"No primeiro ano fiquei com recursos prontos disponíveis em caixa para a linha 5. Em 2012 tinha um gasto grande previsto para o Rodoanel, que não conseguimos fazer por questões ambientais", afirma Calabi.

Se mantiver o ritmo do início do mandato, o governador não conseguirá entregar nenhuma estação de metrô neste ano. A meta é acelerar as inaugurações no primeiro semestre de 2014, antes do início da campanha eleitoral.

Alckmin deve ter como principal adversário o petista Alexandre Padilha, ministro da Saúde. O presidente da Fiesp, Paulo Skaf (PMDB), e o ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab (PSD) também se apresentam na disputa.

A preocupação do governo com investimentos ficou evidente em junho, quando, ao rever o reajuste da tarifa do transporte metropolitano, Alckmin inicialmente declarou que realocaria verba de obras para bancar a redução.

Desistiu da ideia e adotou programa de corte de gastos, preservando investimentos.

As parcerias público-privadas também foram usadas para destravar obras. Segundo Calabi, o governo conseguiu formar uma "carteira excepcional" de opções para oferecer ao setor privado, mas, afirma, "também nas PPPs a realização está lenta".

RECEITAS

Nos quatro primeiros meses do ano, o Estado teve pequena queda na receita. Em seguida, conseguiu reverter a curva descendente com pacote que estimula contribuintes a pagar ICMS atrasado perdoando parte da dívida.

Apesar de o programa ter começado em março, foi a partir de junho que a maior parte dos cerca de R$ 5 bilhões arrecadados começou a entrar nos cofres. A injeção extemporânea fez o governo aumentar a arrecadação.

Esses recursos estão sendo necessários para bancar gastos com custeio e aumento com a folha de pagamento do Estado. No início de seu mandato, em meio a pressão de sindicatos, o governo concedeu aumento para diversas carreiras do funcionalismo, em áreas como Educação, Saúde e Segurança Pública.

Diferentemente de outros Estados, a Fazenda paulista se queixa menos da decisão da União de reduzir tributos para estimular a economia.

Comentários