Na sexta, o jornal “Folha de S.Paulo” publicou reportagem que diz que a multinacional alemã Siemens apresentou a autoridades brasileiras documentos nos quais afirma que o governo paulista soube e deu aval à formação de um cartel para licitações de obras de metrô. No mesmo dia, o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) reagiu e acusou o Cade de ser um “instrumento de polícia política” e de realizar um “vazamento seletivo de informações”, além de impedir o acesso aos documentos da investigação.
Siemens nega ser fonte de vazamento
Nessa investigação, a Siemens teria obtido o benefício da delação premiada para dar detalhes sobre o esquema. O cartel teria sido feito em 2000, ainda na gestão de Mário Covas (PSDB), para compra de equipamento ferroviário, construção e manutenção de linhas do metrô. Há a suspeita de que o esquema se estendeu aos governos de Geraldo Alckmin e de José Serra. A assessoria de Serra informou que ele não tomou conhecimento de existência de cartel durante seu governo.
As acusações de uma suposta postura indevida do Cade partiram, na sexta-feira, do secretário da Casa Civil, Edson Aparecido, que afirmou que o governo estadual é o maior interessado no esclarecimento do caso para que, se forem constatadas irregularidades, os cofres públicos sejam ressarcidos. Por meio de nota, a Siemens negou ser fonte dos vazamentos e informou que está colaborando com a apuração.
No sábado, o jornal “O Estado de S.Paulo” afirmou ter tido acesso a documentos do processo que revelariam que o superfaturamento pode ter chegado a 30% em cinco contratos, o que teria elevado os gastos dos governos de São Paulo e Distrito Federal em mais de R$ 570 milhões. Os pagamentos teriam sido feitos por meio de três empresas no Uruguai — Leraway, Gantown e MCA. O valor total dos contratos chegou a R$ 1,925 bilhão, segundo o jornal.
Alckmin afirmou que, se comprovada a denúncia, qualquer funcionário público envolvido será responsabilizado. O governador afirmou que o cartel é uma ação entre empresas e que o governo do estado poderá entrar com ação de indenização contra elas. Informou também que determinou que a Controladoria Geral da Administração também investigue o caso.
O Cade informou que as apurações começaram em julho e a suspeita é que 13 empresas tenham participado de um cartel para supostas fraudes em seis licitações. Os documentos teriam sido apreendidos durante a operação Linha Cruzada, realizada em parceria com a Polícia Federal nas cidades de São Paulo, Diadema, Hortolândia (SP) e Brasília (DF).
Os contratos teriam envolvido ainda trecho da Linha 2 do metrô paulista e manutenção de trens da CPTM, a empresa de transporte ferroviário do governo paulista. Com o Distrito Federal, os contratos também seriam de manutenção de trens.
Fonte: O Globo
Comentários
Postar um comentário