Aécio Neves critica fala de Cardozo sobre apuração de cartel


Folha.com

O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), alfinetou ontem o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, recomendando "serenidade" ao auxiliar de Dilma Rousseff sobre a investigação de cartel em licitações do metrô em São Paulo.

"O ministro deu declarações insinuando nervos à flor da pele [no governo paulista, em razão do caso Siemens]. Para procurar alguém com nervos à flor da pele, é só abrir a janela de seu gabinete e olhar para o prédio ao lado [o Palácio do Planalto, onde fica a presidente Dilma]".

No mês passado, a Siemens delatou ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) a existência de um cartel, do qual fazia parte, para compra de equipamento ferroviário e de construção e manutenção de linhas de trens e metrô em SP e no Distrito Federal.

A negociação com representantes do Estado, segundo a Siemens, está registrada em "diários" fornecidos ao Cade.

Sobre o caso, Aécio voltou a defender a reputação e a gestão dos três últimos tucanos que administraram o Estado de São Paulo.

"O PSDB está muito tranquilo e é o maior interessado que se aprofundem as investigações. A história de vida pública deles [Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin] fala por si só. Homens honrados e respeitados inclusive por seus adversários", disse.

Conforme revelou a Folha, a multinacional alemã Siemens apresentou às autoridades brasileiras documentos nos quais afirma que o governo de São Paulo soube e deu aval à formação de um cartel para licitações.

Procurada sobre o caso, a Siemens repetiu, por intermédio da assessoria, que "a empresa coopera integralmente com as autoridades, manifestando-se oportunamente quando requerido e se permitido pelos órgãos competentes".

E acrescentou: "Tendo em vista que as investigações ainda estão em andamento, e a confidencialidade inerente ao caso, a Siemens não pode se manifestar em detalhes quanto ao teor de cada uma das matérias que tem sido publicada pelos diversos veículos de comunicação".

O advogado da MGE, José Luís de Oliveira Lima, nega que contratos tenham sido simulados para pagar propina a servidores públicos. "Todos os serviços foram efetivamente prestados pela MGE à época, sendo que o meu cliente jamais efetuou o pagamento de importância ilegal a qualquer pessoa. Alias, ele esta à disposição para prestar os esclarecimentos devidos quando convocado".

Até a noite de ontem, o governo de São Paulo não havia se manifestado sobre o caso.

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