Dilma atira para todos os lados, diz Serra sobre plebiscito


Folha.com

José Serra é convidado do programa 'Roda Viva', da TV Cultura

O ex-governador José Serra (PSDB-SP) disse nesta segunda-feira (24) que achou um "absurdo" a proposta apresentada pela presidente Dilma Rousseff de fazer um plebiscito para convocar uma Assembleia Constituinte para realizar a reforma política.

"A presidente se sente acuada, então atira para todos os lados", disse o tucano, em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura.

Ele afirmou que a presidente é influenciada pelo marqueteiro, por integrantes do PT e pelo ex-presidente Lula.

Serra disse ser "fora da realidade" e "sem pé nem cabeça" a realização do plebiscito, que demandaria um longo processo até ser concluído.

"Tem que aprovar uma lei no Congresso acional. Se aprovar, marcar a data, fazer horário eleitoral para o para o povo ir votar. Quando demora? Seis meses. Depois tem que eleger os membros da Constituinte. Em pleno ano eleitoral [2014], uma confusão dessas, porque ela ouviu falar em reforma política?", questionou.

Para o tucano, um projeto de reforma política deveria ser enviado diretamente ao Congresso pelo governo. "Não há nada que ela [Dilma] não possa comprar, adotar e mandar pro Congresso. Por que vou botar fogo na casa para assar o leitão?", disse.

TARIFAS

Ao comentar os recentes protestos contra as tarifas do transporte público, o tucano disse que não teria feito como o governador Geraldo Alckmin, seu colega de partido, que no início do ano atendeu, junto com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), a um pedido de Dilma para adiar o reajuste das passagens de metrô e trens para não pressionar a inflação.

"Teria feito o reajuste em janeiro, como sempre se faz", afirmou, justificando que o dinheiro era necessário para se investir no metrô.

Ele considerou "inevitável" a revogação do aumento após os protestos.

ELEIÇÕES

Serra tergiversou quando foi perguntado sobre seu apoio ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), potencial candidato de seu partido à Presidência da República em 2014. Afirmou, no entanto, que "hoje" não está em seus planos deixar o PSDB.

Também não quis responder qual foi o peso do ex-prefeito Gilberto Kassab, seu aliado, em sua derrota na eleição de 2012, quando tentou a prefeitura.

Ele foi questionado sobre isso após falar que o desempenho de Dilma no governo poderia comprometer uma eventual candidatura de Lula, assim como o ex-prefeito Celso Pitta (1997-2000) prejudicou o padrinho político, Paulo Maluf.

Serra afirmou não descartar que Lula tente se candidatar ao Planalto em 2014, no lugar de Dilma. "Acho que o PT fará o que for possível e impossível para continuar no poder", disse.

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