Entrevista do presidente do PSDB-SP Deputado Duarte Nogueira à Folha


Vou ser um animador de torcida, diz novo presidente do PSDB paulista

VENCESLAU BORLINA FILHO - Folha.com

Edson Silva/Folhapress 
O deputado federal Duarte Nogueira, presidente do PSDB em São Paulo, durante entrevista em seu escritório político, em Ribeirão

Do papel de conciliador que diz ter, o deputado federal Antonio Duarte Nogueira Júnior (PSDB), 48, não vai se desfazer. Porém, agora à frente da executiva estadual do partido, o tucano vai assumir uma nova "função" a de animador de torcida.

"O presidente do partido tem que ser um grande animador. Ele é a essência do que se pensa e do que se quer. Vou ser um bom animador. Motivar o pessoal e distribuir as tarefas", disse à Folha, no seu escritório político em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo).

Ele sabe que não será fácil, mas tenta minimizar os possíveis conflitos que poderão surgir durante os dois anos de sua presidência. O PSDB tenta reassumir o posto mais alto do país, o da Presidência da República. Para isso, aposta no senador Aécio Neves, nome que não é consenso entre os tucanos paulistas.

"O nosso pré-candidato à Presidência é o Aécio, mas até lá [a convenção presidencial, em junho de 2014] a gente vai conversar com todo mundo", disse.

Embora tucanos neguem, o nome de Aécio não é unanimidade no PSDB paulista para a disputa da Presidência. Um dos motivos para a escolha de Nogueira é justamente porque ele agrada aos aliados de José Serra e do governador Geraldo Alckmin.

Sempre lembrando do ex-governador Mário Covas, "que foi quem me trouxe para o PSDB, com quem trabalhei e com quem aprendi muito", Nogueira afirma que o principal fator para fazer uma aliança forte é a união de um partido.

"Isso é tudo o que o PSDB está procurando fazer até agora. Há uma espécie de esporte nacional que é dizer que o PSDB está dividido. Eu acho que o PSDB está procurando se manter coeso e trabalhar dentro desse processo de união, tem um candidato extremamente positivo", disse.

Prova disso, na visão do deputado, foi a convenção que o colocou na presidência do PSDB paulista. "A gente encerrou esse processo de convenção dando nova representação. Agora, o partido tem que estar unido, discutir menos as questões partidárias do ponto de vista ideológico e discutir mais a vida das pessoas", disse.

Apesar da declaração do tucano, o governador Geraldo Alckmin precisou intervir no processo de escolha do novo comandante estadual do PSDB. A intervenção fez o então presidente do partido no Estado, Pedro Tobias, desistir da disputa, favorecendo Nogueira.

Dentro das suas ações, Nogueira vai promover encontros regulares para juntar o partido e estudar temas estaduais e regionais, e em outros momentos fazer o debate político. "O Mário Covas dizia que o povo nunca erra. Ele [o povo] sempre acerta, desde que tenha todas as informações", disse.

OPOSIÇÃO

Para o deputado, a hora é de avançar na qualidade. "Quando o PSDB foi governo, no Brasil, a gente plantou os sementes da estabilidade econômica, do fortalecimento das instituições... Enxergamos as coisas do governo como Estado e não como partido, totalmente diferente do que faz o PT hoje. O PT acha que o Estado pertence a quem está no governo, e não é isso, o Estado pertence à sociedade", disse.

Sobre os erros do partido, Nogueira também recorre à oposição para explicar seu posicionamento. "Nós não somos infalíveis. Temos defeitos, mas não somos igual ao PT que acha que não tem defeito, que fica pondo defeito nos outros. A gente erra, mas o esforço nosso é acertar ao máximo e acho que a gente já acertou bastante", disse.

Para ele, o PT usa e abusa da máquina pública para obter votos. "O que acontece hoje é uma massificação do governo federal jamais vista. A presidente da República, em quatro meses, apareceu três, quatro vezes em rede nacional de televisão e na última vez apareceu com legenda, como se faz com a propaganda política. É um absurdo, é o uso da máquina e dos instrumentos de Estado para partidarizar o processo", disse.

Nascido em Ribeirão Preto, Nogueira se projetou nacionalmente após liderar a oposição na Câmara Federal em 2011. Antes, tinha sido secretário de Estado nos governos Covas e Alckmin.

Collorido na juventude, Nogueira é filiado ao PSDB desde 1999. Em Ribeirão, disputou e perdeu a prefeitura três vezes: duas para o ex-ministro Antonio Palocci (PT), em 1992 e 2000, e uma para a atual prefeita Dárcy Vera (PSD), no ano passado.

Engenheiro agrônomo e agricultor, Nogueira assumiu a posição ruralista na Assembleia (1994-2006) e na Câmara Federal (desde 2007).

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