O que me incomoda

Assim como  quase todos brasileiros me encontro muitas vezes anestesiado. Mas, às vezes, bate o  senso de responsabilidade e a necessidade de falar. Que seja para meus poucos leitores, mas preciso.

Hoje decidi  escrever sobre o que me incomoda.

O que me incomoda

Me incomoda viver em um bairro de classe média, sair de casa e ver a miséria na minha calçada. Gente ter marquises como lar e folhas de papelão como cama.

Me incomoda frequentar bares e restaurantes que precisam de seguranças para impedir que estes moradores de rua não peçam cigarros e alguns trocados aos seus frequentadores.

Me incomoda entender que você só é um cidadão respeitável se vestindo bem, estacionando carros caros, sendo famoso ou acompanhado com alguém com estes atributos.

Me incomoda muito mais ao encontrar garotos, que como eu, cresceram  na periferia, virem para os bairros "nobres" armados e desprovidos de qualquer valor humano, armados roubarem os burgueses que aqui vivem, para poder se vestir e frequentar o mesmo lugar que eles.

Me incomoda ver que os mesmos que condenam estes jovens assassinos, que matam por nada, dizer que a solução é só diminuir alguns anos no CÓDIGO PENAL. Ouço isso de amigos, nos telejornais, em todos os lugares. É o coro do momento. Não sem motivo.

Mas será esta (redução da maioridade penal) a solução? Sei que neste momento parece a solução para punir os crimes horrorosos que nos são colocados todos os dias.

Não acho que a redução da maioridade penal irá diminuir a violência brutal que vivemos. Defendo outras alternativas, como a alteração no Estatuto da Criança e do Adolescente, proposto pelo governador Geraldo Alckmin, entre outras medidas.

O que precisamos é mudar são os valores da sociedade e  principalmente o cuidado com os que menos tem.

Então fica alguns questionamentos:

A mídia - TV, rádio, revista, internet - vai continuar a valorizar a fama, o status e o consumo?

Só tem valor nesta sociedade quem é famoso, quem se veste como roupas de marca , ou carro caro?

Vamos continuar a aceitar uma sociedade de acesso desigual à educação, cultura, bens de consumo?

Perguntas relevantes:

O Governo Federal que não combate o tráfico de armas, drogas e outros produtos, cumpre seu papel para diminuir a violência?

Sem o combate ao tráfico de armas e drogas nas fronteiras adianta mudar leis?

A repressão ao pequeno tráfico de drogas que tem hoje funciona?

Sem um tratamento médico decente aos drogaditos podemos recupera-los?

Perguntas que ficam:

Adianta endurecer as leis, se estas  não forem cumpridas na íntegra, sendo que há uma série de benefícios?

Adianta diminuir a MAIORIDADE PENAL se não alterarmos a expectativa de futuro destes garotos?

Estas questões me incomodam. 

Fica a vocês a reflexão de como podemos resolver  esta crise que atinge e afinge a todos nós.

WELBI MAIA BRITO
EDITOR