“O pulsar da oposição”, análise do Instituto Teotônio Vilela


Com sua máquina de propaganda e mistificação, o petismo talvez tenha imaginado que iria dominar todo o espaço da discussão política com a louvação aos seus dez anos no poder. Ledo engano. A oposição demonstrou ontem todo o seu vigor, sem medo de travar o debate em busca de caminhos melhores para o Brasil. Honestamente.

O discurso proferido por Aécio Neves na tribuna do Senado apontou, com lucidez e serenidade, os fracassos do projeto de poder do PT. O mais difícil, admitiu o senador por Minas Gerais, foi ater-se a apenas 13 descalabros, tamanhos e tão numerosos os estragos que o partido dos mensaleiros vem impingindo ao país ao longo desta uma década.

A lista inclui a paralisia da economia nacional; a destruição do patrimônio público; a corrosão da estabilidade da moeda; a perda da credibilidade e a irresponsabilidade no trato do dinheiro do contribuinte; o descaso com a segurança e o fracasso no combate às drogas; o estímulo à intolerância e a defesa dos malfeitos e dos desvios éticos. É um estrago e tanto para apenas dez anos…

Em todos os aspectos levantados, subjaz a preocupação com o bem-estar dos brasileiros, com a preservação de conquistas históricas da nossa sociedade, como o fim da inflação e a expansão dos benefícios sociais, com a restauração de um ambiente de convivência mais democrático, humano e solidário. Só os petistas, para quem o povo só serve mesmo de massa de manobra, não viram…

O que Aécio buscou – e conseguiu – ontem foi firmar um claro contraponto à monocórdia cantilena petista segundo a qual o partido que há dez anos governa o país tem o monopólio das virtudes. Buscou – e conseguiu – demonstrar que a oposição age, e tem agido diariamente, para se contrapor à hegemonia do partido que varreu a ética para debaixo do tapete. A crítica e a dissensão existem.

O diagnóstico feito pelo senador é honesto e as preocupações, verdadeiras. O que o discurso de ontem caudalosamente aponta pode ser verificado diariamente no país. Não há mandracarias na fala de Aécio.

A paralisia e a estagnação do crescimento, por exemplo, foram mais uma vez comprovados pela prévia do PIB divulgada ontem pelo Banco Central. Pelo índice, que costuma superestimar o resultado oficial do IBGE, a ser conhecido daqui a oito dias, 2012 fechou com um pibinho de 1,6% – sem ajuste sazonal, foi 1,35%.

Confirma-se, assim, a sina brasileira sob o PT: o país cresce sempre menos que a maioria de seus pares. Entre 20 países que já divulgaram o resultado de seus PIBs no ano passado, estamos apenas em 12° lugar, informa O Globo. “Para não falar da China, que é mesmo fora de padrão, em 2012 a Austrália e a Rússia apresentaram crescimento de 3,4%; o PIB do México avançou 4%; o do Chile, 5%; o da Índia, 5,4%; o da Tailândia, 5,8%; e o da Indonésia, 6,3%”, lista Celso Ming n’O Estado de S.Paulo.

Aécio não fez discurso de candidato, até porque ainda não o é e até porque o que interessa neste momento – faltando um ano e oito meses para a próxima eleição presidencial – é defender os interesses dos brasileiros, erodidos dia após dia pelas políticas petistas. Fez, isto sim, discurso de legítimo oposicionista: crítico, assertivo e contundente.

Alguns se viram frustrados por não ver ontem bandeiras claras na voz do senador Aécio Neves. Seria um equívoco se, neste momento, elas lá estivessem. Não estamos em campanha, e seria um desrespeito aos brasileiros se já estivéssemos – num flagrante contraste com a caravana reeleitoral em ritmo de Big Brother do PT. A oposição está, isto sim, trabalhando diuturnamente para construir um Brasil melhor e para impedir que o PT transforme o país numa republiqueta de partido único.

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