Alckmin demite chefe de autarquia que apoiou Russomanno


José Penteado e outros 39 funcionários foram dispensados do Instituto de Pesos e Medidas; para deputado, foi 'vingança'

Bruno Boghossian e Fausto Macedo - O Estado de S.Paulo

O governo de São Paulo trocou o comando do Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo (Ipem), sete meses depois que o superintendente do órgão provocou um mal-estar com aliados do governador Geraldo Alckmin (PSDB) ao participar de um ato a favor de Celso Russomanno (PRB) - então candidato à Prefeitura de São Paulo e adversário do tucano José Serra.

José Tadeu Rodrigues Penteado deixou o comando do instituto na semana passada e, três dias depois, outros 39 funcionários que lhe eram subordinados foram dispensados de suas funções.

Penteado é ligado ao deputado estadual Campos Machado (PTB) - que apoiava Russomanno - e ao ex-secretário adjunto de Justiça, Fabiano Marques de Paula, que já havia sido exonerado em novembro de 2012.

Segundo o governo, tanto a demissão de Fabiano Marques quanto a troca de comando do Ipem se devem a critérios técnicos. Campos Machado, no entanto, afirma que o movimento é uma retaliação contra seus aliados.

Em julho de 2012, o então secretário adjunto de Justiça convocou funcionários do Ipem - órgão que ele já comandou - para participar de um encontro com Russomanno. O convite foi feito durante o expediente, mas o evento aconteceu apenas às 19h.

A participação de Marques na reunião foi noticiada pelo jornal Folha de S.Paulo, e teria provocado um desconforto entre o secretário adjunto e sua superior, a secretária Eloisa de Sousa Arruda. Ele foi exonerado do cargo um mês após a eleição municipal.

No último sábado, o governo publicou a dispensa de José Tadeu Penteado da chefia do Ipem. Os 39 funcionários foram dispensados anteontem pelo novo superintendente, Alexandre Modonezi de Andrade.

'Vingança'. O deputado Campos Machado afirma que as demissões são uma "vingança" contra a participação de Fabiano Marques na campanha de Russomanno - que foi derrotado no 1.º turno da eleição. "A Secretaria de Justiça transformou o caso em um foguete atômico, como se a eleição não tivesse terminado", disse. "Esse caso muda minha relação com a secretaria. Vou fiscalizar a pasta com lupa."

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