PSDB busca unidade nacional e modernização do discurso


Partido pretende redefinir bandeiras para chegar forte em 2014

PAULO CELSO PEREIRA - O Globo

Aécio Neves tem o apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso Ailton de Freitas / O Globo

Com a economia patinando e os índices de popularidade da presidente Dilma Rousseff estáveis há cerca de um ano, os dirigentes do PSDB começam a se mobilizar para, este ano, organizar a estrutura e as propostas do partido. O objetivo é evitar repetir os problemas enfrentados nas últimas duas eleições nacionais, quando o partido chegou ao ano do pleito sem sequer ter discurso e candidatos definidos. Para chegar em 2014 forte, cresce na legenda a ideia de fazer um congresso que redefina as bandeiras do partido para o país.

Um dos mais próximos aliados do senador Aécio Neves (MG), o deputado Marcus Pestana preparou um documento com sugestões para o congresso. O texto já foi entregue à bancada do partido na Câmara, ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a Aécio.

— Este é um ano de reorganizar o partido, analisando cada estado. Precisamos de uma profissionalização maior e mobilizar as bases — explica Pestana.

A realização do congresso pode ser sacramentada ainda este mês, na próxima reunião da Executiva Nacional do partido. Ela é um dos poucos pontos que hoje colocam do mesmo lado os grupos paulista e mineiro da legenda. A criação de um ambiente de unidade entre as duas alas mais poderosas e dos dois estados mais populosos do país é visto como o grande desafio de Aécio na construção de sua candidatura.

Pela primeira vez desde a fundação do partido, em 1988, o favorito para ser o candidato tucano à presidência não saiu do diretório paulista. Mas para contemplar a ala paulista, parte dos dirigentes no estado exige que o ex-governador José Serra tenha um espaço relevante na nova direção partidária nacional. A seu favor, Aécio tem o apoio explícito do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de muitos deputados do estado, além de contar com uma relação sem conflitos com o governador Geraldo Alckmin.

Secretário da Casa Civil de Alckmin, Edson Aparecido evita individualizar o debate, mas acredita que a unidade da nova direção é o primeiro passo para um cenário alvissareiro para 2014:

— Se conseguirmos montar uma direção que represente governadores, bancadas no Senado e na Câmara, prefeitos, acho que começamos bem. A segunda medida é o partido modernizar suas bandeiras e o discurso. Precisamos modernizá-los frente à nova realidade do país. A terceira questão é exatamente fazer crescer a interlocução do PSDB com a sociedade civil. É fundamental que essas bandeiras tenham maior enraizamento no conjunto da sociedade, nos grandes centros urbanos, no segmento produtivo, nas classes populares. O PSDB não pode apenas ter vida ativa nos períodos de eleição.

No Rio, aposta em economista de FHC

O Rio encabeça a lista de pepinos do PSDB. Com o governo do estado e a prefeitura atuando alinhados com o governo Dilma e há anos sem um candidato tucano forte, o partido cogita lançar em 2014 um dos economistas que tiveram papel chave no governo Fernando Henrique Cardoso: o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, o ex-presidente do BNDES Edmar Bacha ou os ex-presidentes do Banco Central Gustavo Franco e Armínio Fraga.

Os quatro vêm participando de encontros com FH e Aécio e são vistos como uma aposta de risco, mas uma alternativa diante da falta de quadros populares. O próprio presidente estadual do PSDB, o deputado Luiz Paulo Corrêa da Rocha, confirma a possibilidade de o partido lançar um dos economistas:

— Estamos em busca de quadros que tenham viabilidade eleitoral e política. Malan e Armínio Fraga são nomes de excelência, que podem fortalecer uma chapa de governador ou de senador. Como também Edmar Bacha e Gustavo Franco, que já são filiados.

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