De olho em 2014, PSDB já fala em reformular marketing eleitoral



Na esteira da derrota em São Paulo, integrantes do partido pedem uma 'roupagem do novo' e já defendem mudanças como um distanciamento do marqueteiro Luiz González


Bruna Carvalho e Clarissa Oliveira - iG 

Debate sobre marketing de 2014 deve ganhar força quando as candidaturas do partido estiverem mais definidas

Na esteira da derrota sofrida na eleição pelo comando da maior cidade do País, integrantes do PSDB começam a repensar, com vistas a 2014, todo o modelo que hoje guia o marketing eleitoral da sigla. Depois de assistirem à vitória do prefeito eleito Fernando Haddad (PT) sobre o ex-governador José Serra (PSDB) em São Paulo, tucanos já falam na necessidade de investir na roupagem do novo, com base na ideia de que a maior mensagem tirada das urnas foi um clamor do eleitorado pela renovação.

Para alguns dirigentes, ganha força a tese de que o partido custou a atualizar sua forma de se comunicar com o eleitor. Faltaria à legenda a capacidade de “vender um sonho”, uma receita que, para eles, foi perfeitamente assimilada pelo PT. Foi assim, dizem, na campanha que elegeu Dilma Rousseff como sucessora do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva . O mesmo vale para a eleição de Haddad. Nos dois casos, a comunicação petista foi assinada pelo marqueteiro João Santana.

As discussões no PSDB, por enquanto, ocorrem de forma fragmentada. Até agora, o partido não reuniu sua direção para fazer uma avaliação do desempenho na eleição municipal. Mas uma das propostas de quem defende uma guinada no marketing é o distanciamento em relação ao marqueteiro Luiz González.

González foi recrutado por tucanos para comandar as principais campanhas do partido nos últimos anos. Foi ele quem assinou a campanha vitoriosa de Serra na prefeitura em 2004, assim como sua empreitada para o governo estadual em 2006. Foi González também quem comandou o marketing bem-sucedido da reeleição de Gilberto Kassab (PSD), em 2008, e a eleição de Geraldo Alckmin(PSDB) para o governo do Estado, em 2010.

É na esfera presidencial que reside a maior parte do desgaste. Além de ter comandado a campanha derrotada de Alckmin ao Planalto em 2006, González teve de digerir críticas de tucanos à forma como comandou a campanha presidencial de 2010. Por outro lado, na eleição deste ano em São Paulo, mesmo os mais críticos admitem que outros fatores contribuíram muito mais para o fracasso nas urnas, como a rejeição pessoal de Serra, o desgaste provocado por sua saída da prefeitura em 2006 e mesmo debates como o do kit anti-homofobia. Ainda assim, há quem critique, por exemplo, um investimento excessivo no tema do mensalão na campanha. 

González já repetiu várias vezes a dirigentes tucanos nos últimos anos que pensa em se aposentar de vez das campanhas eleitorais e voltar sua carreira para outro lado, mais especificamente para o cinema. Ainda assim, foi Serra quem pediu pessoalmente ao jornalista que assumisse a campanha de Kassab em 2008, marcada por ideias como “kassabinho”, boneco do prefeito que aparecia na mão de várias crianças durante a campanha.

Da mesma forma, Serra e Alckmin recrutaram o jornalista para assumir o marketing nas corridas presidencial e paulista de 2010, num esforço para assegurar uma linguagem única das campanhas tucanas. E, novamente, Serra o escalou este ano para a empreitada.

AE
Para aliados do governador, uma imagem renovada combinada à experiência gerencial será decisiva para garantir segundo mandato
Cenário

No PSDB, líderes afirmam que a comunicação da campanha presidencial de 2014, assim como a da disputa ao Palácio dos Bandeirantes, só começará a ser decidida de fato quando as candidaturas ficarem mais claras. Tido como o primeiro da fila para a disputa para o Planalto, o senador mineiro Aécio Neves tende a exercer um papel de destaque nas negociações. 

No círculo próximo de Alckmin – candidato natural à reeleição no Palácio dos Bandeirantes –, predomina a visão de que combinar uma renovação na imagem à experiência gerencial seria a chave para garantir um novo mandato. “Se o marqueteiro conseguir dar a ele o apelo do novo não tem pra ninguém”, disse um aliado do governador. Ele reconhece, entretanto, que o PSDB terá de fazer sua parte para não correr riscos. Até porque, lembrou o tucano, o governador pode ter que fazer frente a um nome como o ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), que, além de representar a renovação no PT carrega as realizações de uma pasta com grande apelo popular.

Para um tucano próximo a Serra, por outro lado, o que se vê neste momento é uma tentativa de responsabilizar o marketing eleitoral por um problema maior. Para ele, o mesmo ocorreu com o próprio Haddad quando ele ainda custava a decolar nas pesquisas para a Prefeitura de São Paulo. A especulação, nesse caso, era a de que havia uma insatisfação com o trabalho executado por João Santana.

O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) faz coro: “Depois da eleição, nós nos acostumamos a aparecer com ideias maravilhosas. Em 2010, surgiu a questão da refundação, que nunca aconteceu", opinou o senador tucano. "Agora, novamente, se busca uma solução em função de uma derrota. A solução não está na campanha eleitoral, mas na afirmação da posição do partido, fazendo oposição para combater o modelo vigente, deixando claro para a opinião pública que, com esse modelo promíscuo de governo, não vamos alcançar os níveis de desenvolvimento que o Brasil pode alcançar."

Comentários

  1. O PSDB precisa não somente de um novo publicitário mas sim em ter coragem de apostar em novas lideranças...

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