FHC: ‘julgamento do mensalão mostra que todos são iguais perante a lei’


Ex-presidente fala sobre decisão do STF em Águas de Lindóia


TATIANA FARAH - O Globo

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou nesta quarta-feira que o julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) é importante porque mostra que todos são iguais perante a lei. Para Fernando Henrique, a dosimetria das penas é menos importante do que o julgamento, que condenou o ex-ministro José Dirceu, o ex-deputado José Genoino, e o empresário Marcos Valério, entre outros réus.

— A importância do julgamento agora do Supremo não é quantos anos vai dar de cadeia. É ruim de ver gente na cadeia, não gosto. Mas é o "todos somos iguais". Eu fui presidente da República; e daí? Se eu matar alguém, tenho de ir para a cadeia. Essa igualdade perante a lei é fundamental para uma sociedade decente — disse Fernando Henrique, durante palestra a pesquisadores da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP) em Águas de Lindóia, no interior de São Paulo.

Fernando Henrique lembrou que "vivemos agora uma explosão de violência", referindo-se à crise na segurança pública de São Paulo, e que é cada vez mais importante que os cidadãos tenham igualdade perante a lei e uma expectativa de melhora social.

— Aqui há a sensação de "eu posso melhorar". Quando não há, a sociedade explode como na Primavera Árabe — disse o ex-presidente.

Para Fernando Henrique, o país vive um processo de inclusão social, que obriga o país a oferecer mais produtos e serviços e com mais qualidade. Nesse processo, Fernando Henrique destacou a política de cotas e disse que é preciso observar se as cotas sociais podem dar conta das questões raciais ou se devem ser aplicadas concomitantemente.

— Nos Estados Unidos, a cota social não esgota a cota racial —disse Fernando Henrique, para quem "é preciso incentivar a mobilidade social a e diminuição da diferença de raça": — Estamos ainda lidando com o final da escravidão, com a inclusão dos negros.

O ex-presidente disse ainda que o desafio do país está na educação e que reservar recursos para a área não é suficiente. Para ele, é preciso fazer "uma revolução de enormes proporções" na educação.

— Disseram "vamos dar todo o dinheiro do pré-sal para a educação".Precisa? Não sei. Precisar precisa, mas isso basta? —disse ele, que defendeu uma reforma curricular: —Hoje temos de lidar com a evasão escolar por desinteresse. Tem de mudar os currículos. Nós aprendemos muita coisa que não serve para nada.

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