Ex-auditor do TCU diz que suborno foi oferecido em nome de Dirceu


Folha.com


O ex-auditor do TCU (Tribunal de Contas da União) Cyonil da Cunha Borges afirmou nesta terça-feira (27) que Paulo Rodrigues Vieira, o ex-diretor da ANA (Agência Nacional de Águas), usou o nome do ex-chefe da Casa Civil José Dirceu ao oferecer propina.

Cyonil foi o delator do esquema que originou a Operação Porto Seguro, da Polícia Federal. Em entrevista ao "Jornal Nacional", da TV Globo, ele disse que Vieira o convidou para participar de um aniversário do ex-ministro e citou o nome do petista em uma folha de papel ao oferecer a propina.

Na entrevista, levada ao ar na noite desta terça-feira, ele conta ter recebido uma oferta de R$ 300 mil de Vieira para fazer um relatório favorável à Tecondi, empresa de contêineres que opera em Santos.

"Na ocasião, ele escreveu que o processo era de suposto interesse de José Dirceu e escreveu R$ 300 mil no papel", disse Cyonil ao "JN".

O ex-auditor disse ainda que conheceu Paulo Vieira em 2002 e que se aproximou dele em 2008. Dois anos depois, Cyonil afirmou que foi convidado a ir ao aniversário de Dirceu. "Obviamente eu recusei", disse.

De acordo ele, o ex-diretor da ANA queria aproximá-lo de Dirceu por causa dos processos relacionados à Tecondi.

Na entrevista, o ex-auditor afirmou que as citações ao ex-ministro não eram claras. "Uma hora ele [Vieira] falava que o dinheiro vinha da empresa. O empresário ia pagar. Outra hora ele falava que o interesse era de Dirceu, e esse dinheiro viria de José Dirceu", disse.

Cyonil conta ter participado de diversas reuniões no escritório da Presidência da República em São Paulo.

No entanto, ele disse apenas ter cumprimentado Rosemary Novoa de Noronha, ex-chefe de gabinete do escritório, ao ser apresentado por Paulo Vieira.

Rosemary é uma das investigadas na operação e deixou o cargo após a operação ser deflagrada. "Eu não sabia dos pormenores do envolvimento dele com a Rosemary."

O ex-auditor confirmou que recebeu R$ 100 mil e disse que não denunciou o esquema antes para colher provas. "Não pedia nada. Nunca absolutamente pedi coisa alguma, o que queria era colher as informações para levar à PF."

Em nota, Dirceu afirmou que é improcedente a informação de que tenha relação pessoal ou profissional com Paulo Vieira. "Se Vieira usou o meu nome em conversas com terceiros, o fez de maneira indevida. Também não tenho nenhum interesse nas atividades da empresa Tecondi", afirma o ex-ministro.

O petista afirma que estuda com os seus advogados tomadas medidas judiciais. "Considero-me vítima de calúnias com as menções feita."

Comentários