Alckmin inicia reforma em secretariado de São Paulo



Daniela Lima - Folha.com

A dois anos do fim de seu mandato e ainda em busca de uma marca para sua gestão, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), planeja uma reforma ampla e gradual no primeiro escalão de sua equipe.

O processo será deflagrado com a saída de Sidney Beraldo, hoje chefe da Casa Civil e espécie de número 2 do governo, para o Tribunal de Contas do Estado.
A nomeação de Beraldo para a corte será decidida em votação na Assembleia Legislativa nesta terça-feira. Encaminhada na Casa a toque de caixa e com amplo suporte do governador, não deve enfrentar resistências.

Assim que for oficializada, a abertura da vaga na Casa Civil vai dar o sinal verde para alterar a configuração da administração. Aos principais aliados, Alckmin já avisou que quer dar celeridade às suas ações.

Candidato à reeleição, o governador viu na derrota de José Serra (PSDB) para Fernando Haddad (PT) na eleição para prefeito de São Paulo uma prévia do que enfrentará em 2014.
Alckmin sabe que, depois de conquistar a capital, o PT tem como uma de suas prioridades desalojá-lo do Palácio dos Bandeirantes.

Mais do que uma mostra do descontentamento com o desempenho de parte de sua equipe atual, a mudança no primeiro escalão evidencia a preocupação do governador com seu futuro político.
Editoria de Arte/Folhapress

MUDANÇAS

Alckmin estuda mudar o sistema de articulação política com os aliados. Com a saída de Beraldo, uma das opções do governador é dividir a Casa Civil em duas secretarias e desmembrar funções atualmente acumuladas pelo titular da pasta.

A ideia seria concentrar o acompanhamento de todos os programas do governo em uma pasta e criar outra estrutura para lidar com as demandas de partidos e aliados.

Há uma fila de pretendentes às duas funções. Os secretários Saulo de Castro (Transportes), Julio Semeghini (Planejamento) e Silvio Torres (Habitação) estão na fila dos interessados em cuidar dos programas de governo.

Hoje, o nome mais cotado para comandar a articulação política é Edson Aparecido (Desenvolvimento Metropolitano), que coordenou a campanha de Serra este ano.

A reforma será a conta-gotas, mas são esperadas mudanças até o fim de janeiro de 2013 em ao menos mais duas pastas: Agricultura e Justiça.

Ambas são comandadas por mulheres --Mônika Bergamaschi e Eloisa Arruda, respectivamente-- e amplamente criticadas no palácio.

O nome do deputado Duarte Nogueira (PSDB), que já comandou a secretaria em gestão anterior, passou a ser cogitado para a Agricultura. Já a pasta da Justiça é cobiçada pelo PTB, do deputado Campos Machado.

O partido promete apoiar Alckmin em 2014, mas cobra mais espaço no governo. Hoje, comanda a Secretaria de Esportes, com desempenho pouco vistoso.

O nome do PTB ventilado para a pasta é o do ex-presidente da OAB Luiz Flávio Borges D'Urso, mas ele está longe de ser consenso.

D'Urso foi vice de Celso Russomanno (PRB) na eleição da capital e, portanto, sua nomeação poderia facilitar o diálogo com a sigla do ex-candidato, que Alckmin quer atrair para seu lado. Mas D'Urso tem adversários na própria OAB, que terá eleições neste mês, e desentendimentos com a Defensoria Pública de São Paulo.

A reforma também terá a função de abrigar aliados de José Serra, hoje sem espaço na administração.

O grupo serrista trabalha para emplacar o ex-prefeito de Piracicaba Barjas Negri na Secretaria de Saúde ou na pasta de coordenação de programas de governo.

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